Marcelo Damato https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br A paixão, o dinheiro e o poder que envolvem a Copa. E um pouquinho de bola... Sun, 15 Jul 2018 17:25:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 México será teste para a idade da zaga do Brasil https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/mexico-sera-teste-para-a-idade-da-zaga-do-brasil/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/mexico-sera-teste-para-a-idade-da-zaga-do-brasil/#respond Mon, 02 Jul 2018 08:12:32 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Miranda-esq-e-Thiago-Silva-enfrentam-a-Suíça-na-estréia-da-Copa-17.jun_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=296 A ilusão da Alemanha de que poderia conquistar o primeiro bicampeonato mundial desde o Brasil em 1962 começou a desmoronar por causa da velocidade da sua dupla de zagueiros. Aos 35min do seu jogo de estreia na Copa da Rússia, num contra-ataque do México, Lozano recebeu a bola perto da área, cortou Özil dentro dela e marcou o único gol da partida. Não havia nenhum zagueiro perto dele.

No início do lance, o zagueiro Hummels foi lento no desarme e escorregou. O colega Boateng, que estava cerca de 8 m à frente dos mexicanos, não conseguiu fazer a cobertura.

Com a derrota na estréia, a Alemanha sempre ficou em posição delicada para tentar se classificar e acabou eliminada. Até o Mundial, a dupla Boateng e Hummels, que havia sido titular na conquista do tetra, era considerada uma das mais seguras entre todas as seleções do mundo.

O que torna preocupante a situação do Brasil no confronto desta segunda-feira é a diferença de idade entre os zagueiros da Alemanha e do Brasil: a dupla Thiago Silva e Miranda é, na média, quatro anos mais velha do que a parelha alemã. Os primeiros têm 33 anos e os outros, 29.

Em ambos os casos, os zagueiros do mesmo país têm uma diferença de idade entre eles inferior a três meses –no caso brasileiro, são apenas 15 dias.

Embora mais velha, a dupla brasileira é menos experiente em Copas: Dos quatro, Miranda é o único que não disputou a Copa de 2014, no Brasil –a dupla alemã foi campeã com 25 anos de idade.

E nas oitavas, não há chance de recuperação. Quem perder vai embora.

Se o Brasil passar pelo México –num jogo em que é favorito–  e pelas quartas-de-final também, poderá ter de enfrentar um desafio ainda maior nas semifinais.

O atacante francês Mbappé registrou até aqui a maior velocidade de corrida nesta Copa: 37 km/h, numa arrancada contra a Argentina. E ao contrário de Lozano, que, aos 22 anos, ainda não é considerado um destaque no mundo do futebol, Mbappé, já é, aos 19, apontado como um possível futuro candidato ao posto de melhor do mundo.

O Brasil tem uma das defesas mais eficientes da Copa até agora. Vamos ver qual será o remédio que Tite vai criar para essa questão.

 

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Fantasma de 2014 ronda a seleção https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/fantasma-de-2014-ronda-a-selecao/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/fantasma-de-2014-ronda-a-selecao/#respond Tue, 26 Jun 2018 00:49:25 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Neymar-chora-após-vitória-sobre-Costa-Rica-Cao-Can-22.jun_.18-Reuters-Copia-150x150.jpeg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=176 A seleção brasileira corre o risco de tropeçar mais uma vez em suas emoções, como aconteceu em 2014. Naquela Copa, a incapacidade de administrar a pressão de jogar em casa e a de jogar abaixo da expectativa levou a equipe a travar na semifinal, levando de 7 a 1 da Alemanha, o maior vexame da história da seleção. Desta vez, o país é outro, como também são a comissão técnica e a maioria dos jogadores. Mas muitos dos jogadores mais importantes de 2014 estão nesta disputa.

E probema parece vir justamente dali.

As cenas de choro de Neymar no final da partida contra a Costa Rica e o desabafo de Thiago Silva na saída do campo indicam que o controle das emoções é novamente um problema.

Desde a sexta-feira, os dois eventos continuam repercutindo também no noticiário internacional e suscitaram críticas de ex-jogadores de ao menos cinco países.

No caso de Neymar, a questão não foi só que ele caiu em lágrimas após uma vitória num jogo de primeira fase –se a pressão em jogos iniciais já o deixa nesse estado, como será quando o bicho pegar pra valer? O ponto talvez mais importante é que ele não aguentou até chegar ao vestiário, onde pudesse extravasar com privacidade.

As cenas do camisa 10 brasileiro com os nervos em frangalhos são uma informação útil para cada próximo adversário. E é certo é que eles vão explorar isso. Faz parte do futebol.

O caso de Thiago Silva foi ainda mais grave, e não só porque não foi a primeira vez. Na última Copa, em 2014, já capitão, o zagueiro não só chorou na decisão por pênaltis contra o Chile, como implorou para não ter de bater. Pior, também naquela oportunidade, contou tudo isso na entrevista pós-jogo.

Nesta Copa, a cena se repetiu. Ele contou na entrevista que ficou “muito triste” por ter sido xingado por Neymar por devolver uma bola ao adversário. O zagueiro ainda quis se valorizar dizendo que tinha compreendido a situação, mas o efeito disso foi zero, naturalmente.

Já é suficientemente desapontador saber que um jogador que está em sua terceira Copa do Mundo, perto de fazer 34 anos, se sinta “muito triste” porque foi xingado por um colega de equipe no calor da partida. Mas é muito pior perceber que ele não é capaz de entender que DR de jogador se faz dentro do vestiário ou na concentração. E não em público.

O objetivo da seleção é ganhar a Copa. Expor os intestinos das relações entre os jogadores certamente não ajuda nisso.

Pode-se esperar quase tudo do capitão de uma equipe top mundial de esporte profissional, menos que ele coloque um divã na saída do campo e coloque um jornalista no papel de psicanalista.

A questão é sobre autocontrole e não em ser ou não ser machão ou insensível. Isso nada tem a ver com gênero. Alguém acha que Marta, a Pelé do futebol feminino, escolhia as palavras com as companheiras enquanto buscava uma medalha olímpica? E a dupla Paula e Hortência se xingou pouco até conseguir o ouro no Mundial de basquete?

Para quem não se convence disso, basta comparar com as outras seleções desta Copa e com as seleções brasileiras das outras Copas, em especial as vencedoras.

Neste Mundial, Messi está numa draga muito pior que Neymar. Mas, se chorou, foi no vestiário. Salah teve seu sonho transformado em pesadelo. E não se viu nenhum descontrole, dentro ou fora de campo.

Nas história das seleções brasileiras, basta lembrar de Dunga, capitão do tetra e de 1998. Se cada palavrão dele em campo fosse um tijolo, em cada estádio haveria uma muralha. E nenhum jogador foi chorar para os jornalistas. No vestiário é que as coisas se resolviam –não é assim em qualquer trabalho?

Quando a seleção é campeã, todas as ofensas são perdoadas. Quando uma seleção grande como o Brasil perde, fica aquele gosto horrível de poder ter feito mais. Se os jogadores não aprenderem a relevar o que é secundário, o caminho para o hexa será mais árduo.

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