Marcelo Damato https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br A paixão, o dinheiro e o poder que envolvem a Copa. E um pouquinho de bola... Sun, 15 Jul 2018 17:25:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Sem ‘Deus’, Suécia ruma ao paraíso https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/sem-deus-suecia-ruma-ao-paraiso/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/sem-deus-suecia-ruma-ao-paraiso/#respond Tue, 03 Jul 2018 17:37:13 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Ibrahimovic-após-derrota-para-a-Bélgica-no-seu-último-jogo-pela-seleção-22.jun_.2016-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=309 A Suécia virou “atéia” e está se dando muito bem.

Por anos, Ibrahimovic foi o dono da seleção sueca. Com “Deus”, como ele mesmo se chama, a Suécia viveu em função dele. Ibra estreou em 2001 e a partir de 2006 era um intocável.

Em 2016, cansado de mais um fracasso na Euro, Ibrahimovic anunciou sua saída. Mas continuou usando seu poder midiático para cornetar os colegas.

E para se autopromover. Na segunda-feira, quando Lebron James foi anunciado pelo LA Lakers, ele postou: “Los Angeles agora têm um Deus e um Rei”, brincando com o apelido King James do astro da NBA.

Ibrahimovic foi uma estrela desde muito jovem. Estreou aos 17 no Malmoe e logo virou a sensação do país. Aos 19 anos, foi para o Ajax por 18 milhões de euros, preço recorde pago por um sueco. Depois, passou por Juventus, Inter, Barcelona, Milan, PSG e Manchester Utd. Em nenhum, ficou mais de quatro anos.

O problema era sempre o temperamento.

Mas, na Suécia, ainda que amargasse fracassos, seu narcisimo e egoísmo foi tolerado em nome de seu talento. Disputou quatro Copas. Em duas vezes –em 2002, como reserva, e 2006–, os suecos pararam nas oitavas. Em 2010 e 2014, nem passaram das eliminatórias –igualando os recordes negativos de 1962-66 e 1982-86. Na Eurocopa, foram quatro participações, sempre piorando, até terminar em último no grupo, com um ponto.

Quando Ibrahimovic anunciou sua renúncia da seleção, parecia o fim –e um alívio–, mas foi o recomeço. Na primeira tentativa, a Suécia conseguiu voltar à Copa, eliminando a Itália.

Em vez de parabenizar os colegas, cobrou publicamente uma vaga na Rússia. Desta vez a Suécia lhe disse não.

Zlatan, ao seu modo, previu o fracasso de seus colegas.

Mas pela primeira vez desde 1994, a Suécia chegou às quartas. Já é a segunda melhor campanha em 40 anos.

Em Los Angeles, “Deus” deve estar com cara de bobo.

 

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México será teste para a idade da zaga do Brasil https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/mexico-sera-teste-para-a-idade-da-zaga-do-brasil/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/mexico-sera-teste-para-a-idade-da-zaga-do-brasil/#respond Mon, 02 Jul 2018 08:12:32 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Miranda-esq-e-Thiago-Silva-enfrentam-a-Suíça-na-estréia-da-Copa-17.jun_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=296 A ilusão da Alemanha de que poderia conquistar o primeiro bicampeonato mundial desde o Brasil em 1962 começou a desmoronar por causa da velocidade da sua dupla de zagueiros. Aos 35min do seu jogo de estreia na Copa da Rússia, num contra-ataque do México, Lozano recebeu a bola perto da área, cortou Özil dentro dela e marcou o único gol da partida. Não havia nenhum zagueiro perto dele.

No início do lance, o zagueiro Hummels foi lento no desarme e escorregou. O colega Boateng, que estava cerca de 8 m à frente dos mexicanos, não conseguiu fazer a cobertura.

Com a derrota na estréia, a Alemanha sempre ficou em posição delicada para tentar se classificar e acabou eliminada. Até o Mundial, a dupla Boateng e Hummels, que havia sido titular na conquista do tetra, era considerada uma das mais seguras entre todas as seleções do mundo.

O que torna preocupante a situação do Brasil no confronto desta segunda-feira é a diferença de idade entre os zagueiros da Alemanha e do Brasil: a dupla Thiago Silva e Miranda é, na média, quatro anos mais velha do que a parelha alemã. Os primeiros têm 33 anos e os outros, 29.

Em ambos os casos, os zagueiros do mesmo país têm uma diferença de idade entre eles inferior a três meses –no caso brasileiro, são apenas 15 dias.

Embora mais velha, a dupla brasileira é menos experiente em Copas: Dos quatro, Miranda é o único que não disputou a Copa de 2014, no Brasil –a dupla alemã foi campeã com 25 anos de idade.

E nas oitavas, não há chance de recuperação. Quem perder vai embora.

Se o Brasil passar pelo México –num jogo em que é favorito–  e pelas quartas-de-final também, poderá ter de enfrentar um desafio ainda maior nas semifinais.

O atacante francês Mbappé registrou até aqui a maior velocidade de corrida nesta Copa: 37 km/h, numa arrancada contra a Argentina. E ao contrário de Lozano, que, aos 22 anos, ainda não é considerado um destaque no mundo do futebol, Mbappé, já é, aos 19, apontado como um possível futuro candidato ao posto de melhor do mundo.

O Brasil tem uma das defesas mais eficientes da Copa até agora. Vamos ver qual será o remédio que Tite vai criar para essa questão.

 

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Brilho dos goleiros oculta fraqueza dos batedores de Croácia e Dinamarca https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/brilho-dos-goleiros-oculta-fraqueza-dos-batedores-de-croacia-e-dinamarca/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/brilho-dos-goleiros-oculta-fraqueza-dos-batedores-de-croacia-e-dinamarca/#respond Sun, 01 Jul 2018 22:25:24 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/O-goleiro-Subasic-defende-o-pênalti-nas-cobranças-que-deram-à-vaga-à-Croácia-Efrem-Lukatsky-1.jul_.18-AP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=287 Os goleiros Subasic e Schmeichel foram as estrelas do confronto que deu à Croácia a vaga em cima da Dinamarca. Ainda assim ficou um certo gosto amargo.

Dos dez pênaltis cobrados –um no jogo, nove no desempate–, seis foram defendidos. Não é que alguns foram para fora ou na trave, seis foram defendidos mesmo. Parece espetacular, só que não é.

É que dessas seis defesas, quatro foram após erros que estão em qualquer manual de como não fazer cobranças.

Dois jogadores da Dinamarca bateram à meia altura, ambos do lado direito de Subasic. Em relação à altura, a bola na metade é a mais fácil para os goleiros. Não precisa ir ao quase impossível ângulo, nem demora tanto quanto para pular no chão.

Mas o mais impressionante é o número de penâltis chutados rasteiros no meio do gol. Chutar ali é o único modo de dar ao goleiro duas chances de defender: se ele não pular e se ele pular e usar os pés.

E ainda assim, houve três cobranças, 30%. Duas foram defendidas com os pés, uma para cada lado. Na outra, de Modric, a bola passou a uma distância imperceptível das chuteiras de Schmeichel. Se tivesse tocado, possivelmente a Dinamarca estaria comemorando. E Modric, que já havia perdido uma cobrança durante a partida, seria o vilão da noite.

Todas aquelas bolas, se tivessem sido chutadas no meio, mas a 1 m de altura, teriam entrado. Quase todos os jogadores têm experiência internacional, estão muito longe de serem amadores e ainda assim tomaram a pior decisão. Não dá para entender.

Os jogadores chamam essa escolha de “bola de segurança” –não porque o seja, pois é o local menos seguro. Chutam dessa maneira os jogadores que estão inseguros em mandar no canto ou alto. Para não arriscar chutar para fora, mandam no ponto mais distante das três traves –e o mais próximo dos pés do goleiro.

Nos anos 80, se dizia que era o chute dos medrosos.

A Dinamarca perdeu seus três pênaltis chutando à meia altura ou rasteiro no meio. Isso explica porque a Croácia é que vai seguir adiante. E porque Schmeichel deve estar tão frustrado.

 

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Acabou a geração que mudou o futebol https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/acabou-a-geracao-que-mudou-o-futebol/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/acabou-a-geracao-que-mudou-o-futebol/#respond Sun, 01 Jul 2018 17:51:31 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Sérgio-Ramos-se-embola-com-Ignashevich-e-provoca-o-gol-da-Espanha-Maxim-Shemetov-1.jul_.18-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=283 Houve um momento na história que parecia que o futebol tinha conseguido um dono. A Espanha ganhara a Euro de 2008, a Copa de 2010 e a Euro de 2012. Chegara à final da Copa das Confederações em ritmo de treino. Foi apontada como a maior seleção de todos os tempos –se pudesse haver alguma.

O time parecia uma equipe tão sólida que nem a troca de jogadores e até de filosofia de jogo –adotando cada vez mais a busca da posse de bola, com a troca de passes e marcação sob pressão– quebrava a ilusão de que tudo foi igual desde o começo.

O fiasco em 2014 pareceu o fim. Na Euro de 2016, só chegou às oitavas. Mas se reergueu. Nas eliminatórias, foi soberana. Venceu 9 e empatou 1 dos 10 jogos. Fez 36 gols e levou 3.

Quando entrou em campo hoje, estava invicta havia 23 jogos –e na verdade ampliou para 24, porque o jogo deste domingo, com prorrogação, terminou empatado. Desde a Euro, não perde.

Nesta seleção, ainda havia seis campeões mundiais –o Brasil só tem Thiago Silva daquele Mundial. Sérgio Ramos, 32, David Silva, 32, Pepe Reina, 35, Iniesta, 34, Piqué, 31 e Busquets, 29 tentavam o bi. Desses, os quatro primeiros estavam até mesmo na Euro-2008.

Para muitos comentaristas internacionais, era simplesmente a favorita.

Mesmo sem brilho, terminou a primeira fase em primeiro no Grupo B. No jogo, saiu em vantagem graças a mais uma malandragem de Sérgio Ramos, o Pelé dos truques limpos –e sujos. Durante boa parte do primeiro tempo, a covardia dos russos indicavam que a vitória não seria ameaçada. O pênalti bobo de Piqué mudou tudo. A Rússia, repetindo o Uruguai, se fechou atrás. Na disputa de pênaltis, os três batedores da geração campeã acertaram. Koke, 26, e Aspas, 30, não eram garotos, mas falharam.

Na derrota, as contas serão acertadas. A troca de treinador, de Julen Lopetegui por Fernando Hierro, três dias antes da Copa, será colocada na mesa do presidente da Federação, Luis Rubiales.

Dos seis campeões, é improvável que algum, além de Busquets, esteja no Qatar.

O espanto que começou em 2008, no coração da Europa, acabou dez anos depois em Moscou.

 

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Scout da Fifa mostra ‘jogo de compadres’ entre Japão e Polônia https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/29/scout-da-fifa-mostra-jogo-de-compadres-entre-japao-e-polonia/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/29/scout-da-fifa-mostra-jogo-de-compadres-entre-japao-e-polonia/#respond Fri, 29 Jun 2018 22:21:05 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Japão-x-Polônia-Toru-Hanai-28.jun_.18-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=265 A Fifa liberou os dados do seu scout na primeira fase. A tabela da distância percorrida pelas equipes mostra que Japão e Polônia se pouparam visivelmente na partida que deu a vaga aos orientais e a única vitória aos europeus.

Segundo a Fifa, nos 48 jogos da fase, cada equipe correu em média 104 km por partida, entre o mínimo de 80 e o máximo de 116 km. Das 96 participações, 69 ficaram entre 100 e 110 km.

Só duas equipes correram menos de 89 km numa partida: o Japão (83 km), contra a Polônia, e a Polônia (80 km), contra o Japão. Nessa partida, a partir dos 28min do segundo tempo, os japoneses deixaram de atacar porque a Colômbia havia marcado um gol contra Senegal, o que os deixava em segundo lugar no grupo H. A Polônia, que vencia por 1 a 0, também não buscou o segundo gol, que desclassificaria os japoneses.

Não há evidência de que as decisões das duas equipes de se poupar tenham sido coordenadas. Mas é fato que a Polônia nesse jogo percorreu menos de 75% da média dos dois anteriores.

Na Copa em geral, houve bastante equilíbrio nesse quesito. A média de distância dos que se classificaram foi 1% inferior à dos que caíram fora: 103,4 km x 104,6 km. Dos 10 que mais correram, 7 foram eliminados.

O Brasil ficou numa posição intermediária, em 14º lugar (104,3 km/j).

A Alemanha, eliminada na primeira fase, e acusada de falta de empenho, foi a segunda equipe que mais correu: 112 km/j, atrás apenas da Sérvia. Na derrota para a Coreia do Sul, percorreu 115 km, a segunda maior marca da Copa.

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Desde 1994, só o Brasil escapa do vexame dos campeões na Copa https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/desde-1994-so-o-brasil-escapa-do-vexame-dos-campeoes-na-copa/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/desde-1994-so-o-brasil-escapa-do-vexame-dos-campeoes-na-copa/#respond Thu, 28 Jun 2018 09:49:19 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Mario-Gómez-e-Hummels-lamentam-a-eliminação-da-Alemanha-Michael-Dalder-27.jun18-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=222 Os três últimos campeões campeões mundiais caíram na primeira fase da Copa seguinte, Itália em 2010, Espanha em 2014 e Alemanha neste Mundial. Falou-se muito disso desde o último vexame. Mas não foram só eles. Desde que a Alemanha, campeã de 1990, avançou na Copa de 1994, só o Brasil passou como campeão da fase de grupos na Copa seguinte. A França que levantou a taça em 1998, também fracassou em 2002.

O fracasso francês provocou até uma mudança no regulamento da Copa. A partir de 2002, o campeão deixou de ter vaga garantida no Mundial seguinte. A avaliação era que não disputar as eliminatórias enfraquecia os campeões. Pelo jeito, não a mudança não adiantou muito.

O próprio Brasil já experimentou o gosto amargo do vexame. Na Copa de 1966, na Ingaterra, o Brasil, bicampeão em 1958 e 1962, caiu na primeira fase. Na época, a campanha foi muito criticada pela desorganização e pelas pressões políticas sobre a convocação. O Brasil chegou a ter duas seleções (cada uma com dois times formados), que excursionavam pelo mundo, num total de 44 jogadores.

A bagunça perdurou por mais dois anos, até que primeiro João Saldanha e depois Zagallo montaram a estrutura e a equipe que ganhariam o tri no México, em 1970.

Houve outras duas seleções campeãs que não chegaram à segunda fase da Copa seguinte. Em 1934, o Uruguai nem disputou o Mundial. Boicotou a competição em retaliação ao esvaziamento da Copa de 1930, que organizara e vencera. Em 1950, a Itália, bicampeã em 1934 e 1938, caiu na fase de grupos.

Depois do Brasil, em 1966, o primeiro campeão a cair cedo foi a França.

Para tentar quebrar essa escrita, na preparação para a Copa de 2018, um dos principais pontos levados pela comissão técnica alemã foi a renovação da equipe. Mas isso é o tema para um outro post.

 

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Argentinos ‘bagunçam’ a Copa da Fifa https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/27/argentinos-baguncam-a-copa-da-fifa/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/27/argentinos-baguncam-a-copa-da-fifa/#respond Wed, 27 Jun 2018 07:18:55 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Torcedora-na-Praça-san-Martín-em-Buenos-Aires-assiste-à-derrota-da-Argentina-para-a-Croácia-Eithan-Abramovich-21.jun_.18-AFP-150x150.jpeg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=206 Começou a Copa do Mundo dos argentinos. Se a Copa da Fifa é um símbolo do século do século 21, tecnológica, organizada e alegre, a Copa dos argentinos é diferente. A torcida, os ídolos e o time parecem funcionar no modo anos 90, mais caótica, menos eficiente e muito mais apaixonada.

E agora, após passar pela Nigéria, o espírito argentino esquentou “de vez” –pelo menos até sábado.

Maradona mostra tapete com sua imagem no estádio antes do jogo Argentina x Nigéria (Paul Ellis – 26.jun.18/AFP)

Na arquibancada, o símbolo desse misto de paixão e bagunça –com uma pitada de farsa– é o ex-jogador Diego Maradona. No primeiro jogo, fumou um charuto, o que é proibido. No segundo, urrou contra o próprio time.

No terceiro e decisivo contra a Croácia, roubou o show. Usou dois relógios de pulso –outra vez– e uma camiseta com seu tradicional patrocinador de uniforme. E gritou, urrou, chorou, sorriu, xingou, mostrou o dedo e até cochilou durante o jogo.

Recebeu uma homenagem de torcedores, pousou para fotos de centenas de fãs, bateu boca feio com alguns e até passou mal no final, tendo de receber tratamento médico.

Oficialmente, Maradona está na Copa a convite da Fifa, que lhe paga, segundo jornalistas ingleses, 10 mil dólares por dia. E cumpriu seu papel. Enlouqueceu seus fãs, que tudo lhe perdoam, e irritou seus haters.

Mascherano com o supercílio aberto e camisa manchada de sangue (Giuseppe Cacace- 26.jun.18/AFP)

Dentro de campo, o espírito não está em Messi, Dybala ou Aguero, seus maiores talentos, mas no volante Mascherano. “El Jefito”, aos 34 anos, já está em fim de carreira. Não atua mais no Barcelona, foi exilado para a China.

Na seleção, porém, ele é o capitão. Com o respaldo da torcida, Masche pode dizer e fazer quase o que quiser.

Nesse jogo, até o experiente árbitro turco Cuneyt Çakir, teve de se dobrar. Juiz da final do Mundial de Clubes de 2012 –aquela–, de uma semifinal da Copa do Mundo de 2014 -–a outra– e da Liga dos Campeões de 2015, não foi páreo para o ex-jogador do Barcelona.

No segundo tempo, Mascherano levou um golpe no supercílio esquerdo, que passou a sangrar e até manchou sua camiseta. A regra o obrigava a sair e se tratar. Mas o jogo estava tenso, a Argentina empatava, e El Jefito ficou até o fim. E Çakir se fingiu de morto.

O técnico argentino Jorge Sampaoli, já sem blazer, grita desperado durante a derrota para a Croácia (Petr David Josek – 21.jun.18/AP)

Num ambiente assim, a hierarquia não vale muito. Após o segundo jogo e diante da ameaça de eliminação, os jogadores, liderados por Mascherano, simplesmente atropelaram o técnico Jorge Sampaoli e decidiram a equipe do terceiro jogo.

O treinador, que chegara com moral por seu trabalho com a seleção do Chile, perdeu-se no comando da Argentina no Mundial. A cada jogo, mudou de time, de estilo e, sintomaticamente, até o estilo da roupa. Na derrota para a Croácia, seu desespero era evidente. Como num enredo de filme B, após o segundo gol do rival, tirou o blazer e ficou de camiseta. No terceiro jogo, já era um fantasma. Ao apito final, foi para o vestiário sem falar com ninguém.

Torcedor após derrota para a Croacia no estádio em Nizhny Novgorod Copa 2018 (Dimitar Dilkoff – 21.jun.18/AFP)

Nesse caldeirão de emoções, a torcida também tem um papel central. Em São Petersburgo, os torcedores não ligaram para a ameaça de eliminação e ficavam em centenas na porta do hotel da seleção, cantando e incentivando.

Todos os dias centenas de torcedores fazem grandes desfiles pela cidade mostrando amor pela seleção. Agora, com a classificação, a manifestações devem crescer.

Torcedores argentinos vivem e dormem em carros na praia de Copacabana dirante a Copa do Mundo de 2014 (Eduardo Anizelli – Jun.14/Folhapress)

E isso não é novo. Os argentinos repetiram o que haviam feito no Brasil, em 2014. Chegaram às dezenas de milhares, por todo tipo de transporte, especialmente em carros, motorhomes e ônibus, muitos dele caindo aos pedaços.  Ocuparam todas as sedes da Copa, especialmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde a seleção argentina ficou concentrada. Dormiam em carros, barracas e ônibus, tanto emm bolsões como simplesmente na rua. A grande maioria dos torcedores veio sem ingresso, só para sentir a Copa de perto.

Alguns torcedores vieram de carona, desde a Patagônia.

No Brasil, a viagem de volta foi apenas na noite após a final. Desta vez, pode ser a qualquer momento, a partir de domingo.

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