Marcelo Damato https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br A paixão, o dinheiro e o poder que envolvem a Copa. E um pouquinho de bola... Sun, 15 Jul 2018 17:25:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Neymar Ibrahimovic Júnior https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/08/neymar-ibrahimovic-junior/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/08/neymar-ibrahimovic-junior/#respond Sun, 08 Jul 2018 18:19:01 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Neymar-e-Ibrahimovic-Emmanuel-Dunand-2jul.18-à-esq-e-Mark-Ralston-31.mar_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=373 “Não se pode exigir que Neymar se comporte como a gente espera que ele faça.”

Essa frase nos martelou durante toda a Copa. Foi dita a todos os que cobravam que o astro brasileiro encenasse menos e pensasse mais no time. E se preocupasse mais com o efeito das suas ações sobre as crianças.

O significado era um, viraram dois. Neymar não apenas não é um modelo fora de campo, como não é o salvador do Brasil dentro dele. Hoje está mais para quem o frustra. Fora e dentro.

Quando surgiu, Neymar encheu os sonhos dos brasileiros. Sua habilidade em algumas coisas superior à Pelé nos fez acreditar em tempos de vitória, de fantasia.

Só que a diferença entre potencial e eficiência é a mesma que entre sonho e realidade. Nesta Copa em vez de resolver problemas, Neymar os criou. E já há quem tenha desistido dele, querendo-o fora da seleção.

Olhando para o Mundial, surgiu um possível novo caminho: a Suécia. Por três Copas, Ibrahimovic foi o Deus sueco, um Deus debochado e exigente. Sua seleção chegou uma vez às oitavas e ficou fora em 2010 e 2014. Sem ele, foi às quartas, três degraus acima.

Nos 12 anos de 2005 a 2016, Ibrahimovic foi o jogador do ano na Suécia 11 vezes. Ganhou o Puskas de gol mais belo do mundo e mais dezenas de prêmios individuais. Mas suas conquistas com times são mais modestas. Apenas um título europeu, uma Liga Europa.

Enquanto a seleção sueca viveu em torno do seu brilho, afundou. Fascinados com seu potencial, e temerosos da sua popularidade, nenhum técnico o barrou. Mas, quando saiu, ninguém lhe deu a mão para voltar.

À parte dos temperamentos falastrão e debochado do sueco e malandro e choramingas do brasileiro, Ibrahimovic e Neymar têm mais em comum do que parece.

Duvida? Faça um teste. Veja esses fatos e diga quais deles casam mais com a visão que você tem de cada um.

— Quando tinha um ano de carreira, recusou-se a fazer um teste num dos maiores clubes da Europa, pois se julgava bom demais para isso.

— Comparou-se a uma Ferrari.

— Sentou na capota de uma Ferrari.

— Machucou-se no confronto mais importante e foi se recuperar longe do clube, mesmo sendo o líder do time. Nem foi para a festa de um título.

— Jogou uma final importante já acertado secretamente com o adversário.

— Deixou o clube onde havia sido um sonho de infância jogar pela porta dos fundos. E sem se despedir da torcida.

— Dos clubes de onde saiu, não só não mostrou mais carinho pela torcida, como flertou com seus rivais.

— Chegou a um novo clube e quis mandar até no técnico.

— Organizou uma festa luxuosa com os companheiros, em que a estrela era ele mesmo.

Os dois primeiros são de Ibrahimovic. Os três últimos são de ambos.

Neymar está indo por esse caminho. Em 2010, o país pediu por ele. Em 2014, jogou em equipe até se machucar de verdade. Em 2018, foi o que todos viram. Mas, aos 26 anos, ainda tem uma chance.

A seleção já teve outros Neymares. Um conseguiu mudar. E também surgiu num período de seca. Até 1992, Romário criou tanta confusão que foi barrado. Voltou no fim de 1993, enquadrado. Convenceu-se de que poderia ser a estrela, mas não o dono do time. Submeteu-se, brilhou e ajudou o Brasil a conquistar o tetra. Desse modo, foi o melhor do mundo. Depois, consagrado, voltou para o Brasil e fez o que quis.

Neymar tem quatro anos para aprender o exemplo. Porque, além de tudo, o Brasil não é a Suécia.

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Fica, Tite!… Será? https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/07/fica-tite-sera/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/07/fica-tite-sera/#respond Sat, 07 Jul 2018 16:20:39 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/O-técnico-Tite-que-dirigiu-a-seleção-na-Copa-da-Rússia-Joe-Klamar-17.jun_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=363 Fica, Tite. Fica, Tite. Fica, Tite. Fica, Tite! Fica, Tite!!

Desde a eliminação da seleção, essa frase domina a pauta do futebol do Brasil. Está nos jornais, TVs e redes sociais. Daqui a pouco, vai virar uma palavra só: Ficatite.

O argumento básico do discurso é que o treinador fez um bom trabalho e merece continuar.

Mas a maioria vai além: a manutenção de Tite seria um avanço da CBF, do futebol brasileiro e até do Brasil. Manter o técnico mostraria um amadurecimento nacional. Romperia com a tradição de, após um fracasso, recomeçar tudo do zero.

E, quando as coisas começam a ficar tão emocionais, a luz amarela acende.

Por que Tite virou unanimidade? A seleção jogou bem, mas será só isso? Não. É uma identificação pessoal.

Além de seu conhecimento em futebol, os brasileiros enxergam em Tite várias qualidades que acham que faltam ao país.

Ética – Numa comunidade abalada pelos escândalos de corrupção, honestidade e ética viraram obsessão.

Confiança/otimismo – Quem olha para o futuro do Brasil e vê um sol no horizonte?

Comprometimento – O que somos senão o país dos feriados e do jeitinho?

Sinceridade – Os brasileiros adoram quem explode, chora, rola no gramado etc. E Tite vai além, até confessa erros.

Equilíbrio – Diante de 200 milhões, para quem tudo é maravilhoso ou trágico, Tite é uma voz de serenidade.

E não importa se Tite é ou não assim. Importa como ele é visto.

Conta também a favor de Tite a falta de opções.

Renato Gaúcho está em alta no Grêmio, mas é quase seu oposto: Malandro, intuitivo e vaidoso, seria o nome perfeito se buscassem um novo Felipão. Mas, depois dos 7 a 1, o técnico do penta ficou meio queimado.

Fábio Carille tem um ótimo início de carreira. Mas a questão é justamente essa: está no começo. E, para ter outro Tite, é melhor manter o original.

Cuca foi campeão no Palmeiras, mas depois criou muita confusão. E esse negócio de nomear comentarista de Copa para ser técnico não tem dado certo. Falcão e Dunga são exemplos.

Mano Menezes é parecido no jeito de trabalhar. Gosta de ciência, de time equilibrado. Mas sua primeira passagem na seleção não foi boa. E não gera empatia como Tite.

E um estrangeiro? Basta ver o que disseram jogadores, jornalistas e torcedores na Copa para perceber que conviver com um estrangeiro sem uma experiência anterior no país será um grande desafio. E, dos que têm, nenhum convenceu.

Mas, realmente, nada disso importa.

A não ser que não queira, Tite vai continuar. Basta ver quase todas as nomeações anteriores dos técnicos da seleção. A tradição da CBF é responder a um anseio da sociedade –e principalmente da imprensa esportiva.

A seleção viveu na balada em 2006? Contrata-se Dunga para pôr ordem na casa. Os brasileiros estavam inseguros com Mano Menezes? Então se contrata não um, mas dois campeões mundiais para dirigir a seleção na Copa do Brasil. Faltou coragem ao Brasil em 2014? Chama-se Dunga de novo. Dunga era criticado em 2016 por falta de conhecimento e títulos? É a vez de Tite.

Mas, se Tite ficar, não poderá ser esse da Copa da Rússia. O técnico cometeu erros importantes. O principal foi não ter controlado Neymar.
A seleção gastou uma enorme energia para criar as melhores condições para o camisa 10 brilhar –e ele não brilhou. E com isso se descuidou de outros aspectos.

Tite não foi capaz de ver que sem Casemiro, o Brasil precisa de reforço na marcação. Não viu que era Casemiro e não os midiáticos Neymar e Thiago Silva quem desequilibrava a favor da seleção.

E, contra a Bélgica, Tite foi surpreendido pelo mesmo esquema que seu pupilo Carille usou neste ano no Corinthians.

Já ouvi que “não se pode cobrar perfeição de Tite”, como se dissessem que, como Deus não pode assumir o cargo, Tite é a melhor opção.

Já que nem Deus, nem melhores técnicos podem vir, então iremos de Tite. Fez um bom trabalho, é inegável. É a decisão correta.

Mas achar que isso é um grande passo para o hexa –e principalmente para o Brasil– é um tremendo autoengano.

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Lateral direita é sinônimo de encrenca e surpresa para o Brasil em Copas https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/lateral-direita-e-sinonimo-de-encrenca-e-surpresa-para-o-brasil-em-copas/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/lateral-direita-e-sinonimo-de-encrenca-e-surpresa-para-o-brasil-em-copas/#respond Fri, 06 Jul 2018 02:55:37 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Danilo-durante-treino-da-seleção-Lucas-Figueiredo-27.jun_.18-CBF-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=333 A lesão de Danilo confirma uma sinistra tradição da seleção em Copas. A lateral direita é uma das posições mais abaladas por contusões.

Embora tenha havido um período de tranquilidade nos quatros Mundiais entre 2002 e 2014, a tradição é de acidentes. Desde 1958, houve pelo menos nove lesões graves em jogadores da posição às vésperas da Copa ou durante a competição. Somadas à desistência do então titular Leandro em 1986, são dez alterações inesperadas.

Apesar disso, em algumas vezes, o substituto não só jogou acima da expectativa como superou o titular –como aliás tem acontecido com Fágner na Rússia até aqui. Nas duas vezes em que houve uma troca na final, o Brasil foi campeão. Em todas as outras, a seleção voltou sem taça. Mas não houve caso anterior de o problema acontecer durante a Copa com o reserva.

Em 1958, De Sordi foi o titular nos cinco primeiros jogos. Na semifinal, sentiu uma lesão e não disputou a final. Djalma Santos entrou em seu lugar e o Brasil foi campeão. O novo titular acabaria eleito o melhor da posição da Copa mesmo atuando uma vez.

Em 1974, Carlos Alberto (que anos depois ganharia o “Torres” ao nome para diferenciá-lo de um homônimo), capitão do tri, era titularíssimo para a Copa de 1974, quando sofreu uma lesão e foi barrado da Copa. O corintiano Zé Maria passou a titular e Nelinho, do Cruzeiro, entrou como reserva.

Na fase de preparação, Zé Maria também se machucou. Nelinho foi titular nos três primeiro jogos, indo para o banco nos seguintes.

Quatro anos mais tarde, Zé Maria era de novo o titular, quando torceu o joelho direito. O caso era mais sério, ele foi cortado da delegação e nem chegou a ser inscrito. O reserva Toninho virou titular e Nelinho de novo foi convocado, tendo ganhado a posição ao longo dos jogos.

Em 1986, o lateral-direito Leandro, que já tinha sido o titular em 1982, abandonou a seleção no dia do embarque para o México, depois que Renato Gaúcho, hoje técnico do Grêmio, foi cortado por chegar atrasado à concentração depois de uma folga. Como Leandro tinha ido junto, saiu em solidariedade ao companheiro. Edson, que era o reserva, passou a titular, e Josimar foi convocado.

Numa coincidência bizarra, já que ambos jogavam no Corinthians, ocorreu a Edson o mesmo que a Zé Maria em 1974. Pouco tempo depois de virar titular, também se machucou –no seu caso durante a disputa– e cedeu a posição a Josimar. E o botafoguense não saiu mais. Josimar fez golaços de fora da área em dois jogos seguidos e se tornou uma estrela daquela competição.

A lesão seguinte ocorreu em 1994. Jorginho que disputara o Mundial de 1990 e repetia a dose nos EUA, se machucou no início da final contra a Itália. Teve de ceder o gosto de comemorar o título em campo a Cafu, que foi o titular pelas três Copas seguintes, sem jamais se lesionar, um recorde na seleção.

Mas, se Cafu não se lesionou em 1998, seu reserva sim. Como naquela época eram convocados 22 e não os atuais 23 jogadores, e já havia três goleiros, toda seleção tinha uma posição sem um reserva imediato. Para aquele Mundial, Zagallo chamou Flávio Conceição como reserva do volante César Sampaio e de Cafu. Só que o reserva dublê se machucou dias antes da apresentação, pelo La Coruña (ESP). Em seu lugar, chegou o lateral Zé Carlos, que enfrentou a Holanda, porque Cafu estava suspenso.

Entre 2002 e 2014, houve quatro Copas sem nenhum percalço, exceto a troca de Daniel Alves por Maicon como titular durante a disputa no Brasil. Mas a razão foi técnica.

Até que neste Mundial, pela primeira vez, houve três acidentes, dois graves. Em maio, poucos dias antes da convocação, Daniel Alves, titular e capitão da seleção teve uma entorse grave no joelho direito pelo PSG e ficou fora da Copa. Tite convocou Danilo e Fagner sem indicar quem seria o titular. Danilo fez o primeiro jogo e se machucou na região do quadril. Fagner entrou e foi melhor que o colega. Quando Danilo já estava recuperado, ocorreu a torção no tornozelo esquerdo.

Sem possibilidade de trocar, Fagner tem que passar um dos próximos dois jogos sem levar cartão amarelo.

 

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Nas oitavas, só Brasil venceu sem drama https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/nas-oitavas-so-brasil-venceu-sem-drama/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/nas-oitavas-so-brasil-venceu-sem-drama/#respond Tue, 03 Jul 2018 21:02:07 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Neymar-comemora-gol-sobre-México-Fabrice-Coffini-X.jul_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=316 Na foto das oitavas, a seleção brasileira é quem saiu mais bonita.

Foi a única que venceu sem drama. Fora os 30 minutos iniciais de domínio mexicano, foi soberana.

As demais seleções se classificaram com mais dificuldade.

França e Bélgica precisaram de viradas. A vitória belga foi no último lance.

Rússia, Croácia e Inglaterra disputaram prorrogações e só levaram nos pênaltis.

A Suécia venceu com um gol de sorte, de um rival contra o próprio gol.

O Uruguai, como o Brasil, também nunca esteve atrás no placar, e fez o gol da vitória antes dos 20 minutos do segundo tempo. Mas Portugal ainda teve uma chance de finalizar sem goleiro. E os uruguaios perderam seu artilheiro, Cavani, machucado.

No Brasil, o maior momento de drama foi o pisão sofrido por Neymar fora de campo, que consumiu quatro minutos de atendimento –e  milhões de posts nas redes sociais sobre se houve encenação ou não.

Agora, as quartas.

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Contra o México, Neymar foi Neymar https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/contra-o-mexico-neymar-foi-neymar/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/contra-o-mexico-neymar-foi-neymar/#respond Mon, 02 Jul 2018 16:26:24 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Neymar-comemora-seu-gol-contra-o-México-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=300 Neymar fez pela terceira vez seguida o seu melhor jogo na Copa. E, pela primeira vez, jogou como Neymar. Fez o primeiro gol, deu o passe para o segundo e foi o nome do confronto.

Jogou bem no primeiro tempo, e cresceu muito junto com o time no segundo.

A cada jogo que passa, Neymar segura menos a bola e reclama menos com a arbitragem. A cada jogo, ele joga mais coletivamente e a seleção evolui.

O seu papel de dono do time ficou claro no segundo gol. Em vez de correr para Roberto Firmino, o time correu para ele. No primeiro, um gol quase igual, Neymar também foi o abraçado.

Neymar ainda levou muitas faltas. Suas expressões de dor em relação ao tornozelo direito preocupam para o próximo jogo.

O México foi muito bem no começo do jogo. Dominou e não deixou o Brasil sair. Quando a seleção fez sua primeira jogada perigosa, a confiança foi mudando de lado e até o final do jogo uma equipe não parou de melhorar e a outra não parou de cair.

Ao final, nada lembrava o México do início. O Brasil terminou soberano.

Para quem viu só os primeiros 25 minutos, o resultado pareceu demais para o México.

Para quem viu só o segundo tempo, o Brasil até que ganhou de pouco.

Agoras vêm as quartas, a fase historicamente mais difícil para o Brasil.

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México será teste para a idade da zaga do Brasil https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/mexico-sera-teste-para-a-idade-da-zaga-do-brasil/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/mexico-sera-teste-para-a-idade-da-zaga-do-brasil/#respond Mon, 02 Jul 2018 08:12:32 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Miranda-esq-e-Thiago-Silva-enfrentam-a-Suíça-na-estréia-da-Copa-17.jun_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=296 A ilusão da Alemanha de que poderia conquistar o primeiro bicampeonato mundial desde o Brasil em 1962 começou a desmoronar por causa da velocidade da sua dupla de zagueiros. Aos 35min do seu jogo de estreia na Copa da Rússia, num contra-ataque do México, Lozano recebeu a bola perto da área, cortou Özil dentro dela e marcou o único gol da partida. Não havia nenhum zagueiro perto dele.

No início do lance, o zagueiro Hummels foi lento no desarme e escorregou. O colega Boateng, que estava cerca de 8 m à frente dos mexicanos, não conseguiu fazer a cobertura.

Com a derrota na estréia, a Alemanha sempre ficou em posição delicada para tentar se classificar e acabou eliminada. Até o Mundial, a dupla Boateng e Hummels, que havia sido titular na conquista do tetra, era considerada uma das mais seguras entre todas as seleções do mundo.

O que torna preocupante a situação do Brasil no confronto desta segunda-feira é a diferença de idade entre os zagueiros da Alemanha e do Brasil: a dupla Thiago Silva e Miranda é, na média, quatro anos mais velha do que a parelha alemã. Os primeiros têm 33 anos e os outros, 29.

Em ambos os casos, os zagueiros do mesmo país têm uma diferença de idade entre eles inferior a três meses –no caso brasileiro, são apenas 15 dias.

Embora mais velha, a dupla brasileira é menos experiente em Copas: Dos quatro, Miranda é o único que não disputou a Copa de 2014, no Brasil –a dupla alemã foi campeã com 25 anos de idade.

E nas oitavas, não há chance de recuperação. Quem perder vai embora.

Se o Brasil passar pelo México –num jogo em que é favorito–  e pelas quartas-de-final também, poderá ter de enfrentar um desafio ainda maior nas semifinais.

O atacante francês Mbappé registrou até aqui a maior velocidade de corrida nesta Copa: 37 km/h, numa arrancada contra a Argentina. E ao contrário de Lozano, que, aos 22 anos, ainda não é considerado um destaque no mundo do futebol, Mbappé, já é, aos 19, apontado como um possível futuro candidato ao posto de melhor do mundo.

O Brasil tem uma das defesas mais eficientes da Copa até agora. Vamos ver qual será o remédio que Tite vai criar para essa questão.

 

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E o complô virou ‘empurrão muito leve’ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/30/e-o-complo-virou-empurrao-muito-leve/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/30/e-o-complo-virou-empurrao-muito-leve/#respond Sat, 30 Jun 2018 03:24:33 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Zuber-da-Suíça-faz-gol-de-empate-contra-o-Brasil-Jason-Cairnduff-17.jun_.18-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=263 Assim que terminou o empate entre Brasil e Suíça, as redes sociais explodiram:

“Há (mais) um complô para tentar impedir o Brasil de conquistar o hexa!”

Em minutos, parentes e amigos de profissões que variavam de professor universitário a delegado da Polícia Federal inundaram o meu zap –e milhares de outros– com duas certezas. Não apenas a seleção brasileira fora prejudicada –tanto no lance do gol da Suíça, como no suposto empurrão sofrido por Gabriel Jesus–, como aquilo fora feito de forma intencional.

Lendo as mensagens com mais cuidado, se verificava que o complô era, de fato, vários.

1) O árbitro era mexicano e estava querendo se vingar porque a CBF votara na candidatura do Marrocos para a Copa de 2026, vencida pelo México, ao lado de EUA e Canadá.

2) O presidente da Fifa, Gianni Infantino, havia ligado para a sala do VAR e proibido o uso do equipamento naquele lance, em retaliação contra aquele mesmo voto, proferido pelo Coronel Nunes.

3) A Fifa não quer mais um título do Brasil porque isso faria os torcedores perderem interesse na Copa (essa é bem tradicional, repetida desde a Copa de 1998, antes da conquista do penta).

4) A Copa é na Europa, e os europeus não vão aceitar mais um título de seleções de outro continente. Já basta o de 1958 (essa é a mais antiga, vem pelo menos desde 1974).

Obviamente quem pensa nisso não se lembra que os brasileiros são a segunda maior delegação de torcedores na Rússia (atrás dos EUA). E nem que, se acúmulo de títulos fosse um problemaço para o negócio do futebol, o Real Madrid não seria tri da Liga dos Campeões.

E é igualmente evidente que quem vê um conspiração sempre desmerece a inteligência do conspirador –seria muito mais fácil eliminar o Brasil num jogo de mata-mata, único e com adversário mais forte, do que na fase de grupos e com três adversários inferiores.

E, quando veio o segundo jogo, e o pênalti inicialmente marcado sobre Neymar foi anulado com ajuda do VAR, ninguém mais se lembrava qual era a conspiração que valia, só que havia uma.

Chegou-se a dizer que os árbitros estavam desmoralizados, que o VAR tinha virado o poder supremo. Ué, mas a reclamação no primeiro jogo não era justamente o contrário, de que o árbitro ignorara o VAR e decidira sozinho?

Se você se impresssionou com essa contradição, para os teóricos da conspiração não faz a menor diferença. O importante é manter o foco no inimigo –seja qual for.

Nesta sexta, a Fifa divulgou o áudio da conversa entre o pessoal do VAR e o tal arbitro mexicano no lance do gol suíço. Concluem que o empurrão sobre o zagueiro Miranda foi “muito leve”. Por isso, o árbitro nem se deu ao trabalho de ir àquele reservado com monitor que lembra uma espécie de lavabo ao ar livre.

Era fácil rebater essa gravação. Afinal, o que garante que aquilo não foi fabricado depois, que na verdade é mais uma prova de que estão perseguindo o Brasil?

Mas, como a seleção ganhou bem o terceiro jogo, ninguém nem prestou atenção na explicação. Nem quis rebater. Com a classificação para as oitavas, as conspirações evaporaram.

Até a próxima derrota.

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Desde 1994, só o Brasil escapa do vexame dos campeões na Copa https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/desde-1994-so-o-brasil-escapa-do-vexame-dos-campeoes-na-copa/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/desde-1994-so-o-brasil-escapa-do-vexame-dos-campeoes-na-copa/#respond Thu, 28 Jun 2018 09:49:19 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Mario-Gómez-e-Hummels-lamentam-a-eliminação-da-Alemanha-Michael-Dalder-27.jun18-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=222 Os três últimos campeões campeões mundiais caíram na primeira fase da Copa seguinte, Itália em 2010, Espanha em 2014 e Alemanha neste Mundial. Falou-se muito disso desde o último vexame. Mas não foram só eles. Desde que a Alemanha, campeã de 1990, avançou na Copa de 1994, só o Brasil passou como campeão da fase de grupos na Copa seguinte. A França que levantou a taça em 1998, também fracassou em 2002.

O fracasso francês provocou até uma mudança no regulamento da Copa. A partir de 2002, o campeão deixou de ter vaga garantida no Mundial seguinte. A avaliação era que não disputar as eliminatórias enfraquecia os campeões. Pelo jeito, não a mudança não adiantou muito.

O próprio Brasil já experimentou o gosto amargo do vexame. Na Copa de 1966, na Ingaterra, o Brasil, bicampeão em 1958 e 1962, caiu na primeira fase. Na época, a campanha foi muito criticada pela desorganização e pelas pressões políticas sobre a convocação. O Brasil chegou a ter duas seleções (cada uma com dois times formados), que excursionavam pelo mundo, num total de 44 jogadores.

A bagunça perdurou por mais dois anos, até que primeiro João Saldanha e depois Zagallo montaram a estrutura e a equipe que ganhariam o tri no México, em 1970.

Houve outras duas seleções campeãs que não chegaram à segunda fase da Copa seguinte. Em 1934, o Uruguai nem disputou o Mundial. Boicotou a competição em retaliação ao esvaziamento da Copa de 1930, que organizara e vencera. Em 1950, a Itália, bicampeã em 1934 e 1938, caiu na fase de grupos.

Depois do Brasil, em 1966, o primeiro campeão a cair cedo foi a França.

Para tentar quebrar essa escrita, na preparação para a Copa de 2018, um dos principais pontos levados pela comissão técnica alemã foi a renovação da equipe. Mas isso é o tema para um outro post.

 

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Brasil se reencontra e faz melhor partida https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/27/brasil-se-reencontra-e-faz-melhor-partida/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/27/brasil-se-reencontra-e-faz-melhor-partida/#respond Wed, 27 Jun 2018 20:08:19 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Neymar-finaliza-contra-o-goleiro-Stojkovic-na-vitória-sobre-a-Sérvia-Antonio-Calanni-27.jun_.18-AP-150x150.jpeg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=241 Nos primeiros minutos, parecia que a tarde (aqui)/noite (lá) seria de sofrimento para jogadores e torcedores.

O lateral-esquerdo Marcelo, um dos destaques do time –e o único lateral da seleção original, após a perda de Daniel Alves– teve de ser substituído, por questões físicas. O aparente mistério sobre a causa piorou ainda mais os sentimentos.

Mas o fato é que Marcelo nem fez falta. Sem ele –não por causa disso–, o Brasil fez sua melhor partida neste Mundial.

Se na véspera, nas mesas-redondas, os jornalistas, quase em desespero, falavam em chance real de eliminação, a seleção jamais se desesperou e foi se impondo, passo a passo, sobre a Sérvia.

Se nos dois anteriores, jornalistas e torcedores cobravam mudanças no time, com a saída de Paulinho e Willian, foi o meia, que numa jogada típica, infiltrou-se e abriu o marcador. A partir dali, a Sérvia seria outra, com bem menos confiança.

No início do segundo tempo, a Sérvia, que precisava marcar 2 gols em 45min e não mais 1 em 90min, até fez uma certa pressão. Aí Tite trocou Paulinho por Fernandinho, o Brasil voltou a dominar o meio-campo.

Logo depois, Thiago Silva, que teve grande atuação, fez o segundo gol, num escanteio. O lance foi em parte coletivo. Miranda, na primeira trave, se enganchou com o centroavante Mitrovic, que protegia o setor, e os dois caíram. Thiago viu o espaço, se antecipou e finalizou.

Neymar teve uma atuação mais discreta do que nos primeiros jogos, mas fundamental. Mais aberto na ponta, tocou menos na bola e a segurou muito menos. com isso, todos os outros jogadores evoluíram.

Neymar não esteve num grande dia. Menos inspirado, foi disciplinado, focado e contido. Sofreu menos faltas e não reclamou nenhuma vez. Não fez firula e jogou em equipe.

E principalmente não chorou nem reclamou. E ninguém do Brasil reclamou.

Ainda não são o Neymar e o Brasil que se espera, mas ambos, enfim, parecem estar no caminho certo.

 

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Fantasma de 2014 ronda a seleção https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/fantasma-de-2014-ronda-a-selecao/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/fantasma-de-2014-ronda-a-selecao/#respond Tue, 26 Jun 2018 00:49:25 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Neymar-chora-após-vitória-sobre-Costa-Rica-Cao-Can-22.jun_.18-Reuters-Copia-150x150.jpeg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=176 A seleção brasileira corre o risco de tropeçar mais uma vez em suas emoções, como aconteceu em 2014. Naquela Copa, a incapacidade de administrar a pressão de jogar em casa e a de jogar abaixo da expectativa levou a equipe a travar na semifinal, levando de 7 a 1 da Alemanha, o maior vexame da história da seleção. Desta vez, o país é outro, como também são a comissão técnica e a maioria dos jogadores. Mas muitos dos jogadores mais importantes de 2014 estão nesta disputa.

E probema parece vir justamente dali.

As cenas de choro de Neymar no final da partida contra a Costa Rica e o desabafo de Thiago Silva na saída do campo indicam que o controle das emoções é novamente um problema.

Desde a sexta-feira, os dois eventos continuam repercutindo também no noticiário internacional e suscitaram críticas de ex-jogadores de ao menos cinco países.

No caso de Neymar, a questão não foi só que ele caiu em lágrimas após uma vitória num jogo de primeira fase –se a pressão em jogos iniciais já o deixa nesse estado, como será quando o bicho pegar pra valer? O ponto talvez mais importante é que ele não aguentou até chegar ao vestiário, onde pudesse extravasar com privacidade.

As cenas do camisa 10 brasileiro com os nervos em frangalhos são uma informação útil para cada próximo adversário. E é certo é que eles vão explorar isso. Faz parte do futebol.

O caso de Thiago Silva foi ainda mais grave, e não só porque não foi a primeira vez. Na última Copa, em 2014, já capitão, o zagueiro não só chorou na decisão por pênaltis contra o Chile, como implorou para não ter de bater. Pior, também naquela oportunidade, contou tudo isso na entrevista pós-jogo.

Nesta Copa, a cena se repetiu. Ele contou na entrevista que ficou “muito triste” por ter sido xingado por Neymar por devolver uma bola ao adversário. O zagueiro ainda quis se valorizar dizendo que tinha compreendido a situação, mas o efeito disso foi zero, naturalmente.

Já é suficientemente desapontador saber que um jogador que está em sua terceira Copa do Mundo, perto de fazer 34 anos, se sinta “muito triste” porque foi xingado por um colega de equipe no calor da partida. Mas é muito pior perceber que ele não é capaz de entender que DR de jogador se faz dentro do vestiário ou na concentração. E não em público.

O objetivo da seleção é ganhar a Copa. Expor os intestinos das relações entre os jogadores certamente não ajuda nisso.

Pode-se esperar quase tudo do capitão de uma equipe top mundial de esporte profissional, menos que ele coloque um divã na saída do campo e coloque um jornalista no papel de psicanalista.

A questão é sobre autocontrole e não em ser ou não ser machão ou insensível. Isso nada tem a ver com gênero. Alguém acha que Marta, a Pelé do futebol feminino, escolhia as palavras com as companheiras enquanto buscava uma medalha olímpica? E a dupla Paula e Hortência se xingou pouco até conseguir o ouro no Mundial de basquete?

Para quem não se convence disso, basta comparar com as outras seleções desta Copa e com as seleções brasileiras das outras Copas, em especial as vencedoras.

Neste Mundial, Messi está numa draga muito pior que Neymar. Mas, se chorou, foi no vestiário. Salah teve seu sonho transformado em pesadelo. E não se viu nenhum descontrole, dentro ou fora de campo.

Nas história das seleções brasileiras, basta lembrar de Dunga, capitão do tetra e de 1998. Se cada palavrão dele em campo fosse um tijolo, em cada estádio haveria uma muralha. E nenhum jogador foi chorar para os jornalistas. No vestiário é que as coisas se resolviam –não é assim em qualquer trabalho?

Quando a seleção é campeã, todas as ofensas são perdoadas. Quando uma seleção grande como o Brasil perde, fica aquele gosto horrível de poder ter feito mais. Se os jogadores não aprenderem a relevar o que é secundário, o caminho para o hexa será mais árduo.

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