Marcelo Damato https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br A paixão, o dinheiro e o poder que envolvem a Copa. E um pouquinho de bola... Sun, 15 Jul 2018 17:25:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Mata-mata da Copa mostra força inédita das seleções https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/13/mata-mata-da-copa-mostra-forca-inedita-das-selecoes/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/13/mata-mata-da-copa-mostra-forca-inedita-das-selecoes/#respond Fri, 13 Jul 2018 11:53:16 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Aguero-contra-a-França-fez-gol-que-quebrou-recorde-de-52-anos-Benjamin-Cremel-02.jul_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=410 A Copa do Mundo da Rússia mostrou uma competitividade inédita nas seleções que alcançaram o mata-mata.

Pela primeira vez nas 11 Copas em que houve oitavas-de-final em confronto direto, nenhum jogo das três fases antes da final terminou com mais de dois gols de diferença. Ou seja, não houve nenhuma goleada.

Nas outras vezes, o número de goleadas nas 14 partidas desse período, oscilou entre um e quatro.

Em 34 e 38, a Copa foi disputada por 16 times em sistema eliminatório. As oitavas só voltariam –e de vez– em 1986, quando o Mundial tinha 24 seleções (que passariam para 32 em 1998).

O que torna esse resultado mais surpreendente é que neste mata-mata saíram mais gols do que a média. Foram 39, média foi de 2,79 gol/jogo, contra 33, na média dos oito anteriores –as Copas dos anos 30 foram excluídas deste cálculo porque naquela época as defesas eram muito mais fracas.

Desses oito mata-matas, só em 1994, as redes foram balançadas mais vezes: 44. E mesmo assim, houve goleadas em todas.

Um dos retratos do equilíbrio é que os gols foram bem distribuídos entre os jogos. Em 14 partidas, houve apenas dois 1×0 e nenhum 0x0.

O número de partidas que foi para a prorrogação também foi superior à média das outras dez Copas: 5 contra 4,4.

Mas, mesmo nas Copas em que mais jogos foram para a prorrogação, 1990 (oito vezes) e 2014 (seis), houve muitos 0x0 neles: quatro em cada disputa.

Outro dado que mostra o equilíbrio dos jogos é que, desde 1994, não havia tantos times eliminados depois de marcar dois ou mais gols. Isso aconteceu três vezes.

E fazia 52 anos que uma equipe, no caso a Argentina, não era mandada para casa depois de anotar três gols no tempo normal. A última infelizarda havia sido a Coréia do Norte, que levou de 5 a 3 de Portugal nas quartas-de-final da Copa da Inglaterra, em 1966.

 

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Lula e Neymar consomem mais esforço do que devolvem ao país https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/10/lula-e-neymar-consomem-o-brasil/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/10/lula-e-neymar-consomem-o-brasil/#respond Tue, 10 Jul 2018 18:07:35 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Torcedor-após-a-derrota-para-Bélgica-país-vive-dois-dramas-um-em-amarelo-e-outro-em-vermelho-Benjamin-Cremel-6.jul_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=385 Em química, as reações entre os compostos podem ser divididas em exotérmicas, que liberam mais energia do que consomem, e endotérmicas, que agem ao contrário.

No trabalho e nas relações humanas, é parecido. Ao contratar um profissional, uma empresa ou entidade projeta que a riqueza gerada por seu trabalho supere o seu custo. Numa relação pessoal, seja um companheiro de cerveja, seja a pessoa com quem casamos, esperamos que o esforço gasto na relação seja recompensado com algo melhor.

Mas esse ganho não tem acontecido nem com Lula, nem com Neymar. Ambos consomem mais energia, esforço e emoções do que devolvem ao país. Neymar já encerrou sua campanha na Copa –com fracasso. Lula ainda está em campanha –para entrar na campanha eleitoral.

A premissa que move o apoio a ambos é a mesma: é a única pessoa que pode levar a um ápice, um objetivo essencial para a felicidade.

Para a esquerda que o apoia, Lula é o único capaz de, nas próximas eleições, derrotar “a direita”, esse grupo meio misterioso que iria de Temer a Bolsonaro, e que agiria com o objetivo de retirar direitos e dinheiro dos cidadãos, destruir a natureza e aumentar a exclusão.

Da mesma forma, Neymar era, para os seus fãs, o único craque capaz derrotar a Fifa, o VAR e todas as seleções e conquistar o sonhado hexa.

Para apoiá-los, é preciso quebrar a disciplina do Judiciário ou a disciplina da seleção. É preciso aceitar sem contestar o que fazem ou pedem, de um corte de cabelo lamen na véspera da estreia ou um frigobar na cela uma semana após a prisão.

Se você critica Neymar, independente de quantos elogios faça, então você é um cego, que não entende de futebol ou, pior, um invejoso que não aceita que um garoto pobre tenha sucesso –não importando quantos outros você admire– e até está torcendo contra. Ou seja, é um traidor da pátria.

Se você faz críticas a Lula, não importam os seus elogios, então você é um cego, que não enxerga a situação do país, ou, pior, um reacionário que não aceita que um ex-operário seja presidente do Brasil –ainda que já tenha votado nele. Ou seja, …

Para atender Lula em suas vontades, os seus fiéis se tornaram motivo de chacota nacional. Para atender Neymar em suas vontades, os seus fiéis, inclusive parte da comissão técnica, se tornaram motivo de chacota internacional.

Se as notícias sobre as recentes manobras no Judiciário fossem relativas a um político rival, os fãs de Lula ficariam revoltados. Já ficaram, com Aécio fazendo menos. Se as imagens, simulando, rolando e se contorcendo fosse de um jogador rival, os fãs de Neymar ficariam indignados. Já ficaram, com ingleses fazendo menos.

Pode-se dizer que Neymar é o Lula do futebol. E Lula é o Neymar da política.

A Bélgica e Bolsonaro agradecem.

 

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Neymar Ibrahimovic Júnior https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/08/neymar-ibrahimovic-junior/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/08/neymar-ibrahimovic-junior/#respond Sun, 08 Jul 2018 18:19:01 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Neymar-e-Ibrahimovic-Emmanuel-Dunand-2jul.18-à-esq-e-Mark-Ralston-31.mar_.18-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=373 “Não se pode exigir que Neymar se comporte como a gente espera que ele faça.”

Essa frase nos martelou durante toda a Copa. Foi dita a todos os que cobravam que o astro brasileiro encenasse menos e pensasse mais no time. E se preocupasse mais com o efeito das suas ações sobre as crianças.

O significado era um, viraram dois. Neymar não apenas não é um modelo fora de campo, como não é o salvador do Brasil dentro dele. Hoje está mais para quem o frustra. Fora e dentro.

Quando surgiu, Neymar encheu os sonhos dos brasileiros. Sua habilidade em algumas coisas superior à Pelé nos fez acreditar em tempos de vitória, de fantasia.

Só que a diferença entre potencial e eficiência é a mesma que entre sonho e realidade. Nesta Copa em vez de resolver problemas, Neymar os criou. E já há quem tenha desistido dele, querendo-o fora da seleção.

Olhando para o Mundial, surgiu um possível novo caminho: a Suécia. Por três Copas, Ibrahimovic foi o Deus sueco, um Deus debochado e exigente. Sua seleção chegou uma vez às oitavas e ficou fora em 2010 e 2014. Sem ele, foi às quartas, três degraus acima.

Nos 12 anos de 2005 a 2016, Ibrahimovic foi o jogador do ano na Suécia 11 vezes. Ganhou o Puskas de gol mais belo do mundo e mais dezenas de prêmios individuais. Mas suas conquistas com times são mais modestas. Apenas um título europeu, uma Liga Europa.

Enquanto a seleção sueca viveu em torno do seu brilho, afundou. Fascinados com seu potencial, e temerosos da sua popularidade, nenhum técnico o barrou. Mas, quando saiu, ninguém lhe deu a mão para voltar.

À parte dos temperamentos falastrão e debochado do sueco e malandro e choramingas do brasileiro, Ibrahimovic e Neymar têm mais em comum do que parece.

Duvida? Faça um teste. Veja esses fatos e diga quais deles casam mais com a visão que você tem de cada um.

— Quando tinha um ano de carreira, recusou-se a fazer um teste num dos maiores clubes da Europa, pois se julgava bom demais para isso.

— Comparou-se a uma Ferrari.

— Sentou na capota de uma Ferrari.

— Machucou-se no confronto mais importante e foi se recuperar longe do clube, mesmo sendo o líder do time. Nem foi para a festa de um título.

— Jogou uma final importante já acertado secretamente com o adversário.

— Deixou o clube onde havia sido um sonho de infância jogar pela porta dos fundos. E sem se despedir da torcida.

— Dos clubes de onde saiu, não só não mostrou mais carinho pela torcida, como flertou com seus rivais.

— Chegou a um novo clube e quis mandar até no técnico.

— Organizou uma festa luxuosa com os companheiros, em que a estrela era ele mesmo.

Os dois primeiros são de Ibrahimovic. Os três últimos são de ambos.

Neymar está indo por esse caminho. Em 2010, o país pediu por ele. Em 2014, jogou em equipe até se machucar de verdade. Em 2018, foi o que todos viram. Mas, aos 26 anos, ainda tem uma chance.

A seleção já teve outros Neymares. Um conseguiu mudar. E também surgiu num período de seca. Até 1992, Romário criou tanta confusão que foi barrado. Voltou no fim de 1993, enquadrado. Convenceu-se de que poderia ser a estrela, mas não o dono do time. Submeteu-se, brilhou e ajudou o Brasil a conquistar o tetra. Desse modo, foi o melhor do mundo. Depois, consagrado, voltou para o Brasil e fez o que quis.

Neymar tem quatro anos para aprender o exemplo. Porque, além de tudo, o Brasil não é a Suécia.

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Paulinho negocia volta à China https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/06/paulinho-negocia-volta-a-china/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/06/paulinho-negocia-volta-a-china/#respond Fri, 06 Jul 2018 12:27:23 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Paulinho-faz-contra-a-Sérvia-seu-primeiro-gol-na-Copa-do-Mundo-Matthias-Schrader-27.jun_.18AP-150x150.jpeg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=343 O meia Paulinho, titular da seleção brasileira e autor de um dos sete gols do Brasil na Copa, está perto de fechar sua volta para o futebol da China.

O seu agente, Kia Joorabchian, entregou uma proposta de 50 milhões de euros ao Barcelona, para transferência imediata. O nome do clube não foi revelado. (atualização: o clube é o Guangzhou Evergrande, onde já jogou. A página do Barça no Weibo, o Facebook chinês, chegou a anunciar a transferência, mas o post foi apagado em seguida).

Pelo valor e pela idade de Paulinho, que completará 30 anos no próximo dia 25, a proposta agradou. Ela supera em 10 milhões de euros o que o clube pagou um ano atrás ao Guangzhou Evergrande, também da China.

Mas o técnico Ernesto Valverde disse que não tem outro jogador com o mesmo perfil no elenco: um volante de força, de boa chegada ao ataque e artilheiro. O Barcelona já teria por isso ido atrás do francês Rabiot, titular do PSG em grande parte da última temporada.

Coincidência ou não, o Barcelona anunciou hoje a contratação do também volante Arthur, do Grêmio. Com ele, Paulinho, Philippe Coutinho e Mina, destaque da Colômbia na Copa do Mundo, o Barcelona estourou sua cota de jogadores extracomunitários. Um terá que sair.

Negociações de jogadores que estejam disputando Copas do Mundo são bastante comuns. É improvável que alguma seleção entre as oito finalistas não tenha nenhum jogador nessa situação.

Os agentes cuidam do assunto quase sozinhos. Só consultam os jogadores sobre os pontos-chave.

O que surpreende é que o brasileiro esteja disposto a largar o Barça apenas uma temporada depois de chegar.

E principalmente depois de tantas odes públicas de veneração pelo clube.

No Player’s Tribune disse ter voado da China para Barcelona, com mulher e dois amigos, no mesmo dia em que obteve a confirmação da proposta do clube catalão.

Lá e em várias publicidades ligadas à Copa disse que encarou a ida ao futebol chinês como uma espécie de exílio.

Em várias oportunidades, expressou gratidão ao técnico Tite por tê-lo chamado de volta à seleção quando ele estava na China.

Carreira

Poucos jogadores da história do futebol têm uma carreira de frustrações e superações como a de Paulinho.

Iniciou a carreira na Polônia e Lituânia, onde enfrentou muitos problemas. Voltou ao Brasil pelo pequeno Pão de Açúcar,

Chegou ao Corinthians em 2010, aos 21 anos, quase desconhecido e sob desconfiança. Estreou, vindo do banco, num jogo em que o Corinthians de Ronaldo foi eliminado da Libertadores pelo Flamengo . Desde a estréia, correspondeu.

Na campanha da Libertadores, em 2012, foi um destaque, marcando gols desde a primeira partida. Foi titular na conquista do Mundial. Suas atuações o levaram ao Tottenham.

No clube inglês, chegou em 2013 como estrela, teve um início bom, mas logo mostrou problemas de adaptação. No segundo ano, só foi titular em sete jogos e, sem horizonte, decidiu ir para a China, um ano depois da Copa no Brasil.

Na seleção, estreou em 2011, num torneio caça-níqueis, e atingiu seu primeiro auge em 2013, quando foi campeão da Copa das Confederações. Começou a Copa-14 como titular, mas perdeu a posição em alguns jogos. Não estava em campo nos 7 a 1. Com Dunga foi esquecido e só voltou com Tite.

Paulinho é o volante com mais gols na história da seleção, 13.

Kia

Seu agente, Kia Joorabchian, também tem história no Brasil. Já foi gestor do Corinthians, entre 2004 e 2006, quatro anos antes de Paulinho chegar ao clube. Ele era o executivo chefe da MSI, uma empresa que tinha por trás o bilionário russo Boris Berezovsky.

Na época, Kia trouxe os argentinos Carlos Tevez e Javier Mascherano, que foram campeões brasileiros em 2005. No ano seguinte, por desavenças com o presidente do clube, Alberto Dualib, rompeu a parceria e conseguiu a liberação dos jogadores sem custos. Desde então tornou-se agente, atuando muitas vezes em parceria com megaagentes como o romeno Constantin Dumitrascu e o israelense Pini Zahavi.

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Lateral direita é sinônimo de encrenca e surpresa para o Brasil em Copas https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/lateral-direita-e-sinonimo-de-encrenca-e-surpresa-para-o-brasil-em-copas/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/lateral-direita-e-sinonimo-de-encrenca-e-surpresa-para-o-brasil-em-copas/#respond Fri, 06 Jul 2018 02:55:37 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Danilo-durante-treino-da-seleção-Lucas-Figueiredo-27.jun_.18-CBF-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=333 A lesão de Danilo confirma uma sinistra tradição da seleção em Copas. A lateral direita é uma das posições mais abaladas por contusões.

Embora tenha havido um período de tranquilidade nos quatros Mundiais entre 2002 e 2014, a tradição é de acidentes. Desde 1958, houve pelo menos nove lesões graves em jogadores da posição às vésperas da Copa ou durante a competição. Somadas à desistência do então titular Leandro em 1986, são dez alterações inesperadas.

Apesar disso, em algumas vezes, o substituto não só jogou acima da expectativa como superou o titular –como aliás tem acontecido com Fágner na Rússia até aqui. Nas duas vezes em que houve uma troca na final, o Brasil foi campeão. Em todas as outras, a seleção voltou sem taça. Mas não houve caso anterior de o problema acontecer durante a Copa com o reserva.

Em 1958, De Sordi foi o titular nos cinco primeiros jogos. Na semifinal, sentiu uma lesão e não disputou a final. Djalma Santos entrou em seu lugar e o Brasil foi campeão. O novo titular acabaria eleito o melhor da posição da Copa mesmo atuando uma vez.

Em 1974, Carlos Alberto (que anos depois ganharia o “Torres” ao nome para diferenciá-lo de um homônimo), capitão do tri, era titularíssimo para a Copa de 1974, quando sofreu uma lesão e foi barrado da Copa. O corintiano Zé Maria passou a titular e Nelinho, do Cruzeiro, entrou como reserva.

Na fase de preparação, Zé Maria também se machucou. Nelinho foi titular nos três primeiro jogos, indo para o banco nos seguintes.

Quatro anos mais tarde, Zé Maria era de novo o titular, quando torceu o joelho direito. O caso era mais sério, ele foi cortado da delegação e nem chegou a ser inscrito. O reserva Toninho virou titular e Nelinho de novo foi convocado, tendo ganhado a posição ao longo dos jogos.

Em 1986, o lateral-direito Leandro, que já tinha sido o titular em 1982, abandonou a seleção no dia do embarque para o México, depois que Renato Gaúcho, hoje técnico do Grêmio, foi cortado por chegar atrasado à concentração depois de uma folga. Como Leandro tinha ido junto, saiu em solidariedade ao companheiro. Edson, que era o reserva, passou a titular, e Josimar foi convocado.

Numa coincidência bizarra, já que ambos jogavam no Corinthians, ocorreu a Edson o mesmo que a Zé Maria em 1974. Pouco tempo depois de virar titular, também se machucou –no seu caso durante a disputa– e cedeu a posição a Josimar. E o botafoguense não saiu mais. Josimar fez golaços de fora da área em dois jogos seguidos e se tornou uma estrela daquela competição.

A lesão seguinte ocorreu em 1994. Jorginho que disputara o Mundial de 1990 e repetia a dose nos EUA, se machucou no início da final contra a Itália. Teve de ceder o gosto de comemorar o título em campo a Cafu, que foi o titular pelas três Copas seguintes, sem jamais se lesionar, um recorde na seleção.

Mas, se Cafu não se lesionou em 1998, seu reserva sim. Como naquela época eram convocados 22 e não os atuais 23 jogadores, e já havia três goleiros, toda seleção tinha uma posição sem um reserva imediato. Para aquele Mundial, Zagallo chamou Flávio Conceição como reserva do volante César Sampaio e de Cafu. Só que o reserva dublê se machucou dias antes da apresentação, pelo La Coruña (ESP). Em seu lugar, chegou o lateral Zé Carlos, que enfrentou a Holanda, porque Cafu estava suspenso.

Entre 2002 e 2014, houve quatro Copas sem nenhum percalço, exceto a troca de Daniel Alves por Maicon como titular durante a disputa no Brasil. Mas a razão foi técnica.

Até que neste Mundial, pela primeira vez, houve três acidentes, dois graves. Em maio, poucos dias antes da convocação, Daniel Alves, titular e capitão da seleção teve uma entorse grave no joelho direito pelo PSG e ficou fora da Copa. Tite convocou Danilo e Fagner sem indicar quem seria o titular. Danilo fez o primeiro jogo e se machucou na região do quadril. Fagner entrou e foi melhor que o colega. Quando Danilo já estava recuperado, ocorreu a torção no tornozelo esquerdo.

Sem possibilidade de trocar, Fagner tem que passar um dos próximos dois jogos sem levar cartão amarelo.

 

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Azarão, Southgate vira ícone na Inglaterra https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/azarao-southgate-vira-icone-na-inglaterra/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/05/azarao-southgate-vira-icone-na-inglaterra/#respond Thu, 05 Jul 2018 03:34:13 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Gareth-Southgate-no-jogo-contra-a-Bélgica-Hassan-Ammar-AP-Photo-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=314 Os ingleses comemoraram muito a classificação da sua seleção para as quartas-de-final da Copa. E a indústria da moda também, em especial os fabricantes de coletes.

Por isso, ainda que nem chegue às semifinais na Rússia, o técnico Gareth Southgate está em alta, dentro e fora dos gramados.

Por sua carreira, nada indicava que Southgate teria sucesso como treinador da seleção.

Como jogador, jamais atuou por grandes times. Começou no Crystal Palace, como lateral-direito e volante, passou pelo Aston Villa, onde virou zagueiro, e terminou no Middlesbrough. Pelo Villa, chegou à final da Copa da Liga, mas não jogou porque se transferiu logo antes, Pelo Boro, como capitão, levantou o primeiro troféu da história do clube, a Copa da Liga de 2004, e em 2006, chegou à final da Copa da Uefa –derrota de 4 a 0. Aposentou-se naquele dia.

Na seleção, jogou 57 vezes, e ficou conhecido por errar a única em seis cobranças na disputa de pênaltis que impediu a Inglaterra de chegar à final da Euro-96, que era sediada pelo seu país.

Como treinador, caiu com o Middlesborough no seu primeiro emprego (2006-09) e depois ficou quatro anos parado, até virar técnico da seleção sub-21, em 2013. Fez um trabalho medíocre e só subiu à seleção principal em 2016 porque o técnico Sam Allardyce caiu na esteira de um escândalo de corrupção do futebol inglês desvendado pela imprensa local.

Southgate foi nomeado técnico interino, porque a Federação não conseguiu contratar ninguém dos que pretendia. Assumiu na segunda rodada das eliminatórias, dirigiu o time em três –duas vitórias– e empatou com a Espanha num amistoso. Em seguida foi efetivado.

Na eliminatória, terminou o grupo em primeiro e conseguiu uma vaga direta. Na Copa montou uma equipe jovem com 12 jogadores com quem tinha trabalhado na época do sub-21. Manteve apenas 5 jogadores da Copa anterior (Tite manteve 6) — e desses, apenas um, Cahill, tinha jogado no Brasil com mais de 23 anos. Chamou nove jogadores com menos de 25 anos (Tite, 3), inclusive seu capitão, Harry Kane. A média de jogos pela seleção de sua equipe na estréia não passava de 21 (no Brasil, 30). Todos os atletas juntos tinham 59 gols pelos Three Lions na abertura da Copa (no Brasil, 127 ).

Mas Southgate está tendo impacto mesmo é pelo seu modo de se vestir. Seus ternos sob medida, seus sapatos caros, a barba bem aparada, e especialmente o hábito de usar colete (na Rússia, não usou o paletó) já o fizeram cair no radar da indústria de moda. E, principalmente, da mídia.

No Google, as expressões “Gareth Southgate” e fashion dão 6 milhões de resultados.

Até a venda de coletes aumentou no país. a rede Mark & Spencer’s, fornecedora do English Team, apontou um crescimento de venda de 35% em toda a linha de coletes. A empresa atribuiu o crescimento a Southgate. O modelo que mais vende é justamente o que o técnico usa, que custa 65 libras (cerca de R$ 335).

O treinador, até aqui, se recusa a falar do assunto a sério. Apenas diz, brincando, que se for verdade, é prova de que qualquer coisa no mundo é possível. E nega que tenha virado um influenciador de moda e rejeita qualquer comparação com David Beckham.

A citação não é por acaso. O ex-capitão inglês é o maior influenciador da moda do país dos últimos 15 anos. No começo dos anos 2000, tornou-se o primeiro plebeu da história inglesa a ser mais seguido que qualquer membro da família real.

Aposentado há cinco anos, Beckham ainda é de longe o maior ícone do futebol inglês. Mesmo tendo se aposentado quando o Instagram ainda engatinhava, tem 48 milhões de seguidores (cerca da metade de Neymar e mais de 10 vezes o número de Harry Kane).

Southgate é o oposto. Não tem Instagram e no Twitter tem um 1% dos seguidores de Beckham –Victoria, mulher de David.

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Sem ‘Deus’, Suécia ruma ao paraíso https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/sem-deus-suecia-ruma-ao-paraiso/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/sem-deus-suecia-ruma-ao-paraiso/#respond Tue, 03 Jul 2018 17:37:13 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Ibrahimovic-após-derrota-para-a-Bélgica-no-seu-último-jogo-pela-seleção-22.jun_.2016-Reuters-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=309 A Suécia virou “atéia” e está se dando muito bem.

Por anos, Ibrahimovic foi o dono da seleção sueca. Com “Deus”, como ele mesmo se chama, a Suécia viveu em função dele. Ibra estreou em 2001 e a partir de 2006 era um intocável.

Em 2016, cansado de mais um fracasso na Euro, Ibrahimovic anunciou sua saída. Mas continuou usando seu poder midiático para cornetar os colegas.

E para se autopromover. Na segunda-feira, quando Lebron James foi anunciado pelo LA Lakers, ele postou: “Los Angeles agora têm um Deus e um Rei”, brincando com o apelido King James do astro da NBA.

Ibrahimovic foi uma estrela desde muito jovem. Estreou aos 17 no Malmoe e logo virou a sensação do país. Aos 19 anos, foi para o Ajax por 18 milhões de euros, preço recorde pago por um sueco. Depois, passou por Juventus, Inter, Barcelona, Milan, PSG e Manchester Utd. Em nenhum, ficou mais de quatro anos.

O problema era sempre o temperamento.

Mas, na Suécia, ainda que amargasse fracassos, seu narcisimo e egoísmo foi tolerado em nome de seu talento. Disputou quatro Copas. Em duas vezes –em 2002, como reserva, e 2006–, os suecos pararam nas oitavas. Em 2010 e 2014, nem passaram das eliminatórias –igualando os recordes negativos de 1962-66 e 1982-86. Na Eurocopa, foram quatro participações, sempre piorando, até terminar em último no grupo, com um ponto.

Quando Ibrahimovic anunciou sua renúncia da seleção, parecia o fim –e um alívio–, mas foi o recomeço. Na primeira tentativa, a Suécia conseguiu voltar à Copa, eliminando a Itália.

Em vez de parabenizar os colegas, cobrou publicamente uma vaga na Rússia. Desta vez a Suécia lhe disse não.

Zlatan, ao seu modo, previu o fracasso de seus colegas.

Mas pela primeira vez desde 1994, a Suécia chegou às quartas. Já é a segunda melhor campanha em 40 anos.

Em Los Angeles, “Deus” deve estar com cara de bobo.

 

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Contra o México, Neymar foi Neymar https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/contra-o-mexico-neymar-foi-neymar/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/02/contra-o-mexico-neymar-foi-neymar/#respond Mon, 02 Jul 2018 16:26:24 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Neymar-comemora-seu-gol-contra-o-México-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=300 Neymar fez pela terceira vez seguida o seu melhor jogo na Copa. E, pela primeira vez, jogou como Neymar. Fez o primeiro gol, deu o passe para o segundo e foi o nome do confronto.

Jogou bem no primeiro tempo, e cresceu muito junto com o time no segundo.

A cada jogo que passa, Neymar segura menos a bola e reclama menos com a arbitragem. A cada jogo, ele joga mais coletivamente e a seleção evolui.

O seu papel de dono do time ficou claro no segundo gol. Em vez de correr para Roberto Firmino, o time correu para ele. No primeiro, um gol quase igual, Neymar também foi o abraçado.

Neymar ainda levou muitas faltas. Suas expressões de dor em relação ao tornozelo direito preocupam para o próximo jogo.

O México foi muito bem no começo do jogo. Dominou e não deixou o Brasil sair. Quando a seleção fez sua primeira jogada perigosa, a confiança foi mudando de lado e até o final do jogo uma equipe não parou de melhorar e a outra não parou de cair.

Ao final, nada lembrava o México do início. O Brasil terminou soberano.

Para quem viu só os primeiros 25 minutos, o resultado pareceu demais para o México.

Para quem viu só o segundo tempo, o Brasil até que ganhou de pouco.

Agoras vêm as quartas, a fase historicamente mais difícil para o Brasil.

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Brilho dos goleiros oculta fraqueza dos batedores de Croácia e Dinamarca https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/brilho-dos-goleiros-oculta-fraqueza-dos-batedores-de-croacia-e-dinamarca/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/07/01/brilho-dos-goleiros-oculta-fraqueza-dos-batedores-de-croacia-e-dinamarca/#respond Sun, 01 Jul 2018 22:25:24 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/O-goleiro-Subasic-defende-o-pênalti-nas-cobranças-que-deram-à-vaga-à-Croácia-Efrem-Lukatsky-1.jul_.18-AP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=287 Os goleiros Subasic e Schmeichel foram as estrelas do confronto que deu à Croácia a vaga em cima da Dinamarca. Ainda assim ficou um certo gosto amargo.

Dos dez pênaltis cobrados –um no jogo, nove no desempate–, seis foram defendidos. Não é que alguns foram para fora ou na trave, seis foram defendidos mesmo. Parece espetacular, só que não é.

É que dessas seis defesas, quatro foram após erros que estão em qualquer manual de como não fazer cobranças.

Dois jogadores da Dinamarca bateram à meia altura, ambos do lado direito de Subasic. Em relação à altura, a bola na metade é a mais fácil para os goleiros. Não precisa ir ao quase impossível ângulo, nem demora tanto quanto para pular no chão.

Mas o mais impressionante é o número de penâltis chutados rasteiros no meio do gol. Chutar ali é o único modo de dar ao goleiro duas chances de defender: se ele não pular e se ele pular e usar os pés.

E ainda assim, houve três cobranças, 30%. Duas foram defendidas com os pés, uma para cada lado. Na outra, de Modric, a bola passou a uma distância imperceptível das chuteiras de Schmeichel. Se tivesse tocado, possivelmente a Dinamarca estaria comemorando. E Modric, que já havia perdido uma cobrança durante a partida, seria o vilão da noite.

Todas aquelas bolas, se tivessem sido chutadas no meio, mas a 1 m de altura, teriam entrado. Quase todos os jogadores têm experiência internacional, estão muito longe de serem amadores e ainda assim tomaram a pior decisão. Não dá para entender.

Os jogadores chamam essa escolha de “bola de segurança” –não porque o seja, pois é o local menos seguro. Chutam dessa maneira os jogadores que estão inseguros em mandar no canto ou alto. Para não arriscar chutar para fora, mandam no ponto mais distante das três traves –e o mais próximo dos pés do goleiro.

Nos anos 80, se dizia que era o chute dos medrosos.

A Dinamarca perdeu seus três pênaltis chutando à meia altura ou rasteiro no meio. Isso explica porque a Croácia é que vai seguir adiante. E porque Schmeichel deve estar tão frustrado.

 

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Argentina quase segura a revolução francesa https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/30/argentina-quase-segura-a-revolucao-francesa/ https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/2018/06/30/argentina-quase-segura-a-revolucao-francesa/#respond Sat, 30 Jun 2018 19:44:44 +0000 https://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/MBappé-comemora-seu-segundo-gol-contra-a-Argentina-Franck-Fife-AFP-150x150.jpg http://marcelodamato.blogfolha.uol.com.br/?p=279 A seleção da França é como uma bicicleta. Quando para de avançar, cai.

Essa paródia de uma famosa frase de Che Guevara, que já a havia adaptado de Einstein, resume bem como jogou o primeiro time que conseguiu uma vaga nas quartas da Copa do Mundo.

E a bicicleta se chama M’Bappé. Nos primeiros 10min, a segunda estrela do PSG mostrou o que se espera dele. Com rapidez e controle de bola, criou quatro chances e conseguiu duas faltas na linha da área e um pênalti.

Mas, como Messi estava do outro lado, as cobranças foram na trave e na arquibancada.

E assim o que poderiam ter sido três ou quatro gols foi apenas um. A superioridade era tanta, e os argentinos reclamavam tanto com a arbitragem –um hábito sul-americano—, que o jogo mudou. Aos poucos, a França levantou o pé.

E aí a Argentina foi equilibrando o jogo, mas não ameaçava até que nos 41min, Di Maria recebeu uma bola na frente da área, arrumou o calção, ajeitou o corpo, e, como nenhum francês aparecia, chutou e empatou.

Foi um choque: como aquela equipe caótica podia estar empatando? Mas o intervalo impediu a resposta.

No segundo tempo, o jogo continuou o mesmo: a França bem organizada, mas meio juvenil, contra o Exército de Brancapaoli.

Logo no começo do segundo tempo, o imprevisível deu as caras. Num ataque, Messi chutou, e Mercado, que estava no meio da área, até tentou tirar o pé, mas falhou –e desempatou.

Num lance sem querer, a Argentina passava à frente, mas continuou igual. Aos 10min, um lance resumiu bem o que é esse time. O zagueiro Fázio –guarde esse nome–, que entrara no intervalo, recuou mal para o goleiro e quase provocou o gol de empate.

E Mercado, se gostava de ir livre ao ataque, não se adaptava às regras do sistema de defesa argentino. Por isso, estava mal posicionado e não pôde fazer nada no gol de empate.

O lateral esquerdo francês Hernandez cruzou, o zagueiro Fazio falhou e a bola cruzou a área, até que Pavard empatou, num chute igualzinho ao do espanhol Nacho contra Portugal. A revolução estava em marcha de novo.

E revolução quer dizer M’Bappé. Primeiro, num lance de área –em que Fázio chegou atrasado- e depois num contra-ataque em que o lateral esquerdo argentino simplesmente esqueceu de voltar, o camisa 10 francês fez dois gols e decretou o que parecia ser a vitória definitiva.

Mas ainda não era.

Em desvantagem, o técnico Jorge Sampaoli tomou uma rara decisão acertada: mexeu no ataque. Quando Aguero apareceu na TV, ainda do lado de fora, era já a cara da Argentina. Entrou com a camisa já rasgada –embaixo da gola, no peito. A imagem mostrava o que estava por vir.

A Argentina nunca desistiu. Messi correu como muito, chutou e e já nos acréscimos mandou uma bola na cabeça de Aguero.

Após o terceiro gol, faltando um minuto nos acréscimos, a Argentina ainda tentou dar uma blitz. Criou uma confusão, quase virou quebra-pau, e parecia tudo perdido. Mas , recuperou a bola cruzou na área e a bola não entrou por pouco.

E acabou o maior jogo desta Copa.

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