Por um futebol com mais gols
A Copa acabou. E inegavelmente a sensação geral é de que foi uma Copa especial, com ótimos jogos, boas equipes, muita emoção. Até no Brasil, esse é o sentimento, apesar da eliminação precoce da seleção e da polêmica com Neymar.
Mas aí fica a questão: por que desta vez a sensação é boa? Em várias das outras Copas, isso não aconteceu. Em algumas, se defendeu até a sua extinção e a troca por um Mundial de Clubes.
Neste Mundial, o clima (físico e emocional) foi bom, o VAR deu um tempero, até na final, houve craques do começo ao fim, tudo ajudou. Mas os maiores heróis foram os gols e a competitividade.
Na Rússia, não houve aumento de gols em relação aos 171 de 2014, no Brasil. Mas houve mais gols valiosos. Entre 5×0 e 7×1 não faz grande diferença. Entre 0x0 e 1×0 (ou 1×1) faz.
Este foi o Mundial com menos 0x0 desde 1954. Até a competição na Suíça (a quinta edição), jamais tinha acontecido. Eles estrearam em 1958 (num Brasil x Inglaterra) e desde então nunca houve menos de dois por competição. De 2006 a 2014, houve sete em cada; neste ano, apenas um.
Além disso, desde 1974 não acontecia um Mundial sem 0x0 após a Primeira Fase.
O mata-mata foi ainda mais especial. Quebrou o recorde de gols e pela primeira vez na história da Copa um mata-mata de terminou sem nenhuma goleada. Desta vez apenas quatro jogos terminaram com diferença de dois gols. Dos cerca de 1.700 minutos, considerando os jogos, os tempos de acréscimo e as cinco prorrogações, em apenas 115 a diferença era maior do que um gol.
A velocidade do jogo também deu mais emoção. A briga pela posse deu espaço a um estilo mais NBA, tanto da França, como da Croácia e da Bélgica: habilidade e força física como aliadas, não mais como inimigas.
Mas ter saído gols para os dois lados em tantos jogos tornou a festa ainda maior, dentro e forma dos estádios. E ter havido tantas viradas –duas apenas em França 4×3 Argentina—também ajudou.
Quanto mais tempo as duas equipes sonham com a vitória, melhor o jogo.
Por isso, a Fifa deveria pensar uma forma de aumentar essa festa. Mudar as regras para que as médias de gols subam um pouco, o suficiente não só para extinguir o 0x0 mas para reduzir muito os 1×0, 2×0 etc, para dar às duas torcidas o gosto de celebrar ao menos um gol, de ter uma memória boa a cada jogo.
Além disso, com mais gols, a influência dos erros de arbitragem, seria menor. A experiência do VAR mostrou que há um certo limiar de erros abaixo do qual não dá para passar.
Assim, a festa seria ainda maior.
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Este blog para por aqui. Foi um prazer escrever neste espaço. Até a próxima.