Paulinho negocia volta à China

O meia Paulinho, titular da seleção brasileira e autor de um dos sete gols do Brasil na Copa, está perto de fechar sua volta para o futebol da China.

O seu agente, Kia Joorabchian, entregou uma proposta de 50 milhões de euros ao Barcelona, para transferência imediata. O nome do clube não foi revelado. (atualização: o clube é o Guangzhou Evergrande, onde já jogou. A página do Barça no Weibo, o Facebook chinês, chegou a anunciar a transferência, mas o post foi apagado em seguida).

Pelo valor e pela idade de Paulinho, que completará 30 anos no próximo dia 25, a proposta agradou. Ela supera em 10 milhões de euros o que o clube pagou um ano atrás ao Guangzhou Evergrande, também da China.

Mas o técnico Ernesto Valverde disse que não tem outro jogador com o mesmo perfil no elenco: um volante de força, de boa chegada ao ataque e artilheiro. O Barcelona já teria por isso ido atrás do francês Rabiot, titular do PSG em grande parte da última temporada.

Coincidência ou não, o Barcelona anunciou hoje a contratação do também volante Arthur, do Grêmio. Com ele, Paulinho, Philippe Coutinho e Mina, destaque da Colômbia na Copa do Mundo, o Barcelona estourou sua cota de jogadores extracomunitários. Um terá que sair.

Negociações de jogadores que estejam disputando Copas do Mundo são bastante comuns. É improvável que alguma seleção entre as oito finalistas não tenha nenhum jogador nessa situação.

Os agentes cuidam do assunto quase sozinhos. Só consultam os jogadores sobre os pontos-chave.

O que surpreende é que o brasileiro esteja disposto a largar o Barça apenas uma temporada depois de chegar.

E principalmente depois de tantas odes públicas de veneração pelo clube.

No Player’s Tribune disse ter voado da China para Barcelona, com mulher e dois amigos, no mesmo dia em que obteve a confirmação da proposta do clube catalão.

Lá e em várias publicidades ligadas à Copa disse que encarou a ida ao futebol chinês como uma espécie de exílio.

Em várias oportunidades, expressou gratidão ao técnico Tite por tê-lo chamado de volta à seleção quando ele estava na China.

Carreira

Poucos jogadores da história do futebol têm uma carreira de frustrações e superações como a de Paulinho.

Iniciou a carreira na Polônia e Lituânia, onde enfrentou muitos problemas. Voltou ao Brasil pelo pequeno Pão de Açúcar,

Chegou ao Corinthians em 2010, aos 21 anos, quase desconhecido e sob desconfiança. Estreou, vindo do banco, num jogo em que o Corinthians de Ronaldo foi eliminado da Libertadores pelo Flamengo . Desde a estréia, correspondeu.

Na campanha da Libertadores, em 2012, foi um destaque, marcando gols desde a primeira partida. Foi titular na conquista do Mundial. Suas atuações o levaram ao Tottenham.

No clube inglês, chegou em 2013 como estrela, teve um início bom, mas logo mostrou problemas de adaptação. No segundo ano, só foi titular em sete jogos e, sem horizonte, decidiu ir para a China, um ano depois da Copa no Brasil.

Na seleção, estreou em 2011, num torneio caça-níqueis, e atingiu seu primeiro auge em 2013, quando foi campeão da Copa das Confederações. Começou a Copa-14 como titular, mas perdeu a posição em alguns jogos. Não estava em campo nos 7 a 1. Com Dunga foi esquecido e só voltou com Tite.

Paulinho é o volante com mais gols na história da seleção, 13.

Kia

Seu agente, Kia Joorabchian, também tem história no Brasil. Já foi gestor do Corinthians, entre 2004 e 2006, quatro anos antes de Paulinho chegar ao clube. Ele era o executivo chefe da MSI, uma empresa que tinha por trás o bilionário russo Boris Berezovsky.

Na época, Kia trouxe os argentinos Carlos Tevez e Javier Mascherano, que foram campeões brasileiros em 2005. No ano seguinte, por desavenças com o presidente do clube, Alberto Dualib, rompeu a parceria e conseguiu a liberação dos jogadores sem custos. Desde então tornou-se agente, atuando muitas vezes em parceria com megaagentes como o romeno Constantin Dumitrascu e o israelense Pini Zahavi.