Acabou a geração que mudou o futebol

Houve um momento na história que parecia que o futebol tinha conseguido um dono. A Espanha ganhara a Euro de 2008, a Copa de 2010 e a Euro de 2012. Chegara à final da Copa das Confederações em ritmo de treino. Foi apontada como a maior seleção de todos os tempos –se pudesse haver alguma.

O time parecia uma equipe tão sólida que nem a troca de jogadores e até de filosofia de jogo –adotando cada vez mais a busca da posse de bola, com a troca de passes e marcação sob pressão– quebrava a ilusão de que tudo foi igual desde o começo.

O fiasco em 2014 pareceu o fim. Na Euro de 2016, só chegou às oitavas. Mas se reergueu. Nas eliminatórias, foi soberana. Venceu 9 e empatou 1 dos 10 jogos. Fez 36 gols e levou 3.

Quando entrou em campo hoje, estava invicta havia 23 jogos –e na verdade ampliou para 24, porque o jogo deste domingo, com prorrogação, terminou empatado. Desde a Euro, não perde.

Nesta seleção, ainda havia seis campeões mundiais –o Brasil só tem Thiago Silva daquele Mundial. Sérgio Ramos, 32, David Silva, 32, Pepe Reina, 35, Iniesta, 34, Piqué, 31 e Busquets, 29 tentavam o bi. Desses, os quatro primeiros estavam até mesmo na Euro-2008.

Para muitos comentaristas internacionais, era simplesmente a favorita.

Mesmo sem brilho, terminou a primeira fase em primeiro no Grupo B. No jogo, saiu em vantagem graças a mais uma malandragem de Sérgio Ramos, o Pelé dos truques limpos –e sujos. Durante boa parte do primeiro tempo, a covardia dos russos indicavam que a vitória não seria ameaçada. O pênalti bobo de Piqué mudou tudo. A Rússia, repetindo o Uruguai, se fechou atrás. Na disputa de pênaltis, os três batedores da geração campeã acertaram. Koke, 26, e Aspas, 30, não eram garotos, mas falharam.

Na derrota, as contas serão acertadas. A troca de treinador, de Julen Lopetegui por Fernando Hierro, três dias antes da Copa, será colocada na mesa do presidente da Federação, Luis Rubiales.

Dos seis campeões, é improvável que algum, além de Busquets, esteja no Qatar.

O espanto que começou em 2008, no coração da Europa, acabou dez anos depois em Moscou.