Argentina quase segura a revolução francesa

A seleção da França é como uma bicicleta. Quando para de avançar, cai.

Essa paródia de uma famosa frase de Che Guevara, que já a havia adaptado de Einstein, resume bem como jogou o primeiro time que conseguiu uma vaga nas quartas da Copa do Mundo.

E a bicicleta se chama M’Bappé. Nos primeiros 10min, a segunda estrela do PSG mostrou o que se espera dele. Com rapidez e controle de bola, criou quatro chances e conseguiu duas faltas na linha da área e um pênalti.

Mas, como Messi estava do outro lado, as cobranças foram na trave e na arquibancada.

E assim o que poderiam ter sido três ou quatro gols foi apenas um. A superioridade era tanta, e os argentinos reclamavam tanto com a arbitragem –um hábito sul-americano—, que o jogo mudou. Aos poucos, a França levantou o pé.

E aí a Argentina foi equilibrando o jogo, mas não ameaçava até que nos 41min, Di Maria recebeu uma bola na frente da área, arrumou o calção, ajeitou o corpo, e, como nenhum francês aparecia, chutou e empatou.

Foi um choque: como aquela equipe caótica podia estar empatando? Mas o intervalo impediu a resposta.

No segundo tempo, o jogo continuou o mesmo: a França bem organizada, mas meio juvenil, contra o Exército de Brancapaoli.

Logo no começo do segundo tempo, o imprevisível deu as caras. Num ataque, Messi chutou, e Mercado, que estava no meio da área, até tentou tirar o pé, mas falhou –e desempatou.

Num lance sem querer, a Argentina passava à frente, mas continuou igual. Aos 10min, um lance resumiu bem o que é esse time. O zagueiro Fázio –guarde esse nome–, que entrara no intervalo, recuou mal para o goleiro e quase provocou o gol de empate.

E Mercado, se gostava de ir livre ao ataque, não se adaptava às regras do sistema de defesa argentino. Por isso, estava mal posicionado e não pôde fazer nada no gol de empate.

O lateral esquerdo francês Hernandez cruzou, o zagueiro Fazio falhou e a bola cruzou a área, até que Pavard empatou, num chute igualzinho ao do espanhol Nacho contra Portugal. A revolução estava em marcha de novo.

E revolução quer dizer M’Bappé. Primeiro, num lance de área –em que Fázio chegou atrasado- e depois num contra-ataque em que o lateral esquerdo argentino simplesmente esqueceu de voltar, o camisa 10 francês fez dois gols e decretou o que parecia ser a vitória definitiva.

Mas ainda não era.

Em desvantagem, o técnico Jorge Sampaoli tomou uma rara decisão acertada: mexeu no ataque. Quando Aguero apareceu na TV, ainda do lado de fora, era já a cara da Argentina. Entrou com a camisa já rasgada –embaixo da gola, no peito. A imagem mostrava o que estava por vir.

A Argentina nunca desistiu. Messi correu como muito, chutou e e já nos acréscimos mandou uma bola na cabeça de Aguero.

Após o terceiro gol, faltando um minuto nos acréscimos, a Argentina ainda tentou dar uma blitz. Criou uma confusão, quase virou quebra-pau, e parecia tudo perdido. Mas , recuperou a bola cruzou na área e a bola não entrou por pouco.

E acabou o maior jogo desta Copa.