No início da Copa, só Kane faz (pouca) sombra a Cristiano Ronaldo
Em cada Copa do Mundo, além da Taça Fifa, há uma reconfiguração sobre quais são os melhores jogadores do planeta. É o único ano em que a Liga dos Campeões não é a principal competição. A palavra final só vai ser dada com a eleição do prêmio anual da Fifa.
Desde que foi criado o prêmio de melhor do mundo, no início dos anos 90, só quatro vezes o melhor da Copa não foi o do mundo também. Em 1998 e 2002, uma falha no sistema de votação da Copa deu a Ronaldo e Kahn os prêmios que deveriam ter ido para Zidane e Ronaldo, respectivamente. Mas esses dois, justamente pelo desempenho na Copa, acabariam eleitos no fim do ano. Em 2010 e 2014, como o campeão da Copa não teve destaque, o prêmio foi para Forlán (semifinalista) e Messi (vice), que não bisaram no prêmio anual.
Antes do Mundial da Rússia, havia quatro competidores.
Cristiano Ronaldo chegou como favorito, pelo novo título da Champions. Pentavencedor do troféu, já começou como um eleito default. Se o campeão da Copa não tiver um destaque, ele leva o hexa. É o maior astro do futebol mundial.
Messi, o grande rival, chegou um pouco abaixo, campeão nacional e numa seleção em que ele parece nunca estar à vontade. Mas é sempre Messi. É o preferido dos puristas.
Neymar é o mais polêmico. Consolidado no segundo degrau do Olimpo, tenta há anos dar o último passo. Uns se encantam com seu talento e seu jeito moleque. Outros o criticam por provocar demais, se atirar demais e por parecer sempre pensar só em si e nos amigos. Foi para o PSG e na primeira temporada ficou muito aquém da expectativa.
Por fim, Salah é o azarão e uma espécie de campeão do povo. Por sua temporada no Liverpool, pela forma desleal com que foi tirado da Liga dos Campeões, pela sua simpatia e por suas ações em favor de sua comunidade do Egito, Salah quase não tem opositores. Exceto, de uma certa forma, sua própria seleção.
Dos quatro, CR7 chegou no auge da forma técnica e mental, Messi chegou bem, mas preocupado com a equipe. Neymar estava na fase final de recuperação da cirurgia no pé direito, e Salah chegou ainda contundido no ombro, em decorrência da chave de braço que levou de Sergio Ramos.
Depois da primeira rodada, a situação é a seguinte
CR7 foi ainda melhor do que a expectativa. Com três gols, carregou Portugal nos ombros e conseguiu um empate com a Espanha, que é superior (atualização: contra o Marrocos, CR7 carregou a equipe mais uma vez, fez gol e Portugal está quase nas oitavas)
Messi foi o pior. Contra a Islândia, uma equipe que quase só se defende, a Argentina não passou de um empate, com o camisa 10 perdendo pênalti.
Neymar apareceu com um corte de cabelo chamativo, segurou muito a bola, tentou muitos dribles, levou dez faltas, e o Brasil não passou de um empate com a Suíça. E na terça saiu do treino mancando.
Salah, o primeiro a fazer dois jogos (um no banco), fez um gol, mas está quase fora da disputa. Precisa de resultados favoráveis em três partidas –apenas uma do Egito- e não tem uma equipe que possa ir longe na Copa.
Quem mais fez sombra a Cristiano Ronaldo foi um semiazarão, o inglês Harry Kane. Aos 24 anos –mais jovem que os quatro- comandou a vitória da Inglaterra. Seu time ainda não convence como candidato ao título, mas Kane fez o que se espera de um capitão e centroavante: liderança e (dois) gols.
Kane ainda está distante de mostrar que pode ser o número 1 da Copa, mas deve sair dela bem maior do que entrou.