Seleção da Argentina enfrenta hoje o verdadeiro País do Futebol
Imagine que você more num desses quatro bairros da zona norte de São Paulo mais pertos do centro: Casa Verde, Santana, Vila Guilherme e
Vila Maria. E que um dia com amigos decidam criar uma liga de futebol.
A população total dessa região, bem menor do que a do distrito do Grajaú, na zona Sul, se colocaria entre 70° e 75° lugar no ranking das cidades brasileiras, perto de Blumenau (SC), Franca (SP), Vitória da Conquista (BA) e Pelotas (RS), cerca de 340 mil pessoas, 10% da população do Uruguai.
Mas em vez de morar mesmo em São Paulo, pense que todos os habitantes dessa região morem num espaço bem maior. Em vez de 38 km², são 115 mil km², não apenas maior que a cidade de São Paulo, mas de fato 15 vezes o tamanho de toda a Região Metropolitana, onde há 39 municípios e vivem mais de 21 milhões de pessoas.
Com os moradores tão espalhados, e num lugar quase sem pobreza, não haveria grandes problemas de trânsito e segurança –nem greves de caminhoneiros. Os desafios seriam outros.
Nesse lugar faz frio. A temperatura oscila entre 9 e 14 graus Celsius. No verão. No inverno, mais comprido, ela chega a -2°C e raramente sobe acima de +3°C. Em janeiro, o sol nasce às 11h e se põe às 16h. Os ventos são normalmente fortes. E o futebol é jogado ao ar livre.
Imagine que essa área não fique num continente, mas numa ilha, fazendo que qualquer conexão com outros territórios, pessoas e times precise se dar pelo ar, principalmente, ou pela água, com essas condições de clima já mencionadas.
E para animar, de vez em quando um dos 18 vulcões ativos do país (130 no total) resolve dar o ar da graça, e suas cinzas fecham o único aeroporto internacional, praticamente isolando o lugar do mundo.
Com essa população –a capital tem 110 mil habitantes-, esse clima e esse isolamento, seria impossível criar uma liga de futebol profissional. Logo os jogadores que não conseguissem atuar em outros países seriam amadores ou semiamadores. E a comissão técnica também. O melhor técnico poderia ser, por exemplo, dentista. Todo mundo treinaria em meio período ou depois do trabalho.
E, finalmente, se um dia, depois da pelada, entre uma cerveja e outra (gelada, naturalmente), alguém propusesse:
“Ei pessoal, e se a gente montasse um time para a Copa do Mundo?”
Por isso, dependendo do resultado do jogo de logo mais, chame os amigos e tente marcar um jogo:
Associación de Fútbol Argentino
Viamonte, 1366, Buenos Aires, Argentina
selecciones@afa.org.ar
Os hermanos podem até topar, já que vocês não são cidadãos do verdadeiro País do Futebol, a Islândia.